Olho da rua – Fosse o Brasil um país sério e o governo da presidente Dilma Rousseff minimamente responsável, o ministro Aloizio Mercadante, de Ciência e Tecnologia, já estaria devidamente demitido. Durante a viagem oficial de Dilma à República Popular da China, Mercadante, que integrou o entourage palaciano, buscou uma forma de sair do ostracismo em que mergulhou desde que chegou à Esplanada dos Ministérios.
Em Pequim, o ministro petista informou que a chinesa Foxconn, empresa contratada pela Apple para montar o Ipad, investiria US$ 12 bilhões no Brasil na criação de uma unidade para a montagem do cobiçado tablet em terras verde-louras. Tudo não passou de mais uma sandice de Mercadante, desmentida horas depois pela própria Foxconn. De fato a presidente Dilma Rousseff teve um encontro com Terry Gou, fundador da Hon Hai, que controla a Foxconn, mas Aloizio Mercadante transformou uma eventual e distante possibilidade em fato certo e consumado.
De acordo com o The Wall Street Journal, “a empresa (Hon Hai) levou a maior parte da quarta-feira para produzir um comunicado de 160 palavras que elogiava o potencial e a localização estratégica do Brasil e falava vagamente em explorar novas oportunidades de investimentos no país.”
Acostumado a fiascos discursivos, como foi a inesquecível revogação do irrevogável, logo após enfrentar uma dura e reservada carraspana do companheiro Lula da Silva, Mercadante ainda não surgiu em cena para explicar a conturbada e mentirosa declaração, que fixou o mês de novembro para o início das vendas dos primeiros Ipads brasileiros, o que nas contas do ministro gerariam no mínimo 100 mil novos postos de trabalho.