Pavio aceso – Como noticiamos na edição de quarta-feira (25), contratar os serviços de uma consultoria financeira não é crime, mas não se pode fechar os olhos para as causas e os efeitos da contratação. A mais rentável e misteriosa consultoria financeira do País, a “Projeto”, de propriedade do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci Filho, funcionou muito mais como uma quebradora de galhos para clientes com problemas com o Estado.
A trajetória política do petista Palocci, marcada por escândalos de corrupção na prefeitura de Ribeirão Preto e o caso do indefeso caseiro Francenildo Costa, o Nildo, mostra que a especialidade do chefe da Casa Civil não é a consultoria financeira, mas, sim, fazer do tráfico de influência a solução para os imbróglios de grandes e endinheiradas empresas, cujos donos ou diretores estão sempre dispostos a abrir os cofres para ver a poeira sob o tapete.
A lista dos eventuais de Antonio Palocci tem circulado com insistência na rede mundial de computadores, mas um novo nome, quando revelado, pode colocar em situação de puro constrangimento o homem forte do governo de Dilma Rousseff.
Em algum momento desse dourado e milionário quadriênio de enriquecimento meteórico, Palocci foi procurado pelo dono de uma rede de concessionárias de automóveis espalhadas por diversas cidades brasileiras. O empresário, que batiza os seus negócios com as iniciais do próprio nome, é conhecido nos bastidores do poder, em São Paulo, como um dos grandes devedores do fisco. É sabido nas rodas dos negócios paulistanos que a dívida tributária do conglomerado de revendas de automóveis é impagável. E Palocci pode ter sido contratado para buscar um atalho que garantisse a sobrevivência, não muito longa, do grupo empresarial.
Considerando que o “Paloccigate” ainda deve render novos e acalorados capítulos, pois a oposição viu no caso a chance de ressuscitar politicamente, o imbróglio envolvendo o vendedor de carros deve estourar em breve. Até porque, mesmo sendo a maior metrópole brasileira, São Paulo é uma província onde quem manda de fato sabe demais. (Foto: Revista Veja – Editora Abril)