Soltando a voz – Silêncio obsequioso é um procedimento adotado pela Santa Sé, em especial no Colégio Romano, quando algum escândalo está em vias de ultrapassar as fronteiras do Vaticano e chacoalhar a reputação nada ortodoxa da Igreja Católica. Foi assim por ocasião da morte de Albino Luciani, ex-arcebispo de Veneza, também conhecido como João Paulo I. Luciani, que ficou pouco mais de um mês como papa, foi envenenado depois de tentar interromper inúmeros casos de corrupção, mas o laudo médico oficial divulgado apontava um enfarte a causa da morte do religioso.
Deixando de lado a fé, o silêncio obsequioso foi adotado por Dilma Rousseff no caso do escândalo que envolve o ministro Antonio Palocci Filho, mas após uma carraspana do enxerido Lula da Silva a presidente decidiu sair em defesa do chefe da Casa Civil, acusado de multiplicar de forma assustadora e em tempo recorde o seu patrimônio.
Na rápida entrevista que concedeu aos jornalistas, logo depois de solenidade no Palácio do Planalto, Dilma criticou a politização do imbróglio que tem tirado o sono do homem forte do governo federal. Repetindo o que fazem nove entre dez petistas, Dilma Rousseff tem como opção única a defesa insana de Palocci, que a qualquer momento pode deixar o cargo.
Esse discurso de politização do escândalo adotado por Dilma é mais uma cortina de fumaça com a marca do PT, pois é sabido que o partido é especialista trazer à tona assuntos polêmicos capazes de fragilizar os adversários políticos. Foi assim no caso dos gastos do casal Ruth e Fernando Henrique Cardoso, operação que sob o comando de Dilma Rousseff fragilizou o PSDB em um momento em que o tucanato acoitava o governo de Lula da Silva no Congresso Nacional.
Situação semelhante ocorreu na campanha presidencial de 2010, quando o PT violou o sigilo fiscal da filha de José Serra, além de ressuscitar matéria sobre a sociedade de Verônica Serra a irmã do banqueiro oportunista, cujo nome a Justiça continua nos impedindo de citar.
Esse “bom mocismo” do PT que Dilma tenta vender à opinião pública é absolutamente fajuto, pois emissários petistas procuraram o editor do ucho.info, em 2004, para conseguir um dossiê contra José Serra, que à época disputava a prefeitura paulistana com a petista Marta Suplicy. Como no ucho.info não se faz jornalismo de encomenda – e muito menos dossiês – coube-nos a responsabilidade de produzir matérias contundentes contra ambos os candidatos.
Outrossim, a afirmação de Dilma de que o caso de Antonio Palocci Filho não está sendo manipulado é inverídica, pois desde o início do escândalo até esta quinta-feira o Palácio do Planalto teve tempo suficiente para deixar o cenário em situação minimamente favorável. Até porque, se a verdade vier à lume, Dilma Rousseff corre o sério risco de enfrentar um processo de impeachment.