Poder ditatorial – O senador Alfredo Nascimento (AM) reassume a presidência da executiva nacional do Partido da República e como representante máximo da legenda pretende ter assento nas decisões de governo. Exigiu a sua participação nas negociações de seu substituto no Ministério dos Transportes junto ao Palácio do Planalto, mas o verdadeiro comandante do PR é o deputado Valdemar da Costa Neto, o “Boy”, como é conhecido na intimidade.
Parlamentar com gabinete no quinto andar do Anexo IV da Câmara dos Deputados, Valdemar da Costa Neto é um personagem das sombras do Parlamento. Desde que assumiu o seu sexto mandato, em fevereiro passado, ainda não pisou na tribuna para discursar. Relatou apenas duas matérias sem insignificância e apresentou dois projetos de lei. Esta tem sido sua estratégia: evitar aparecer para fugir dos holofotes. Nos bastidores, no entanto, opera como poucos.
Tem o partido literalmente nas mãos. Boa parte da bancada de 40 deputados lhe deve favores. A outra se sente intimidada, pois o “Boy” controla, além da executiva nacional, todos os diretórios estaduais constituídos provisoriamente. Como não há diretórios criados por convenções, podem ser destituídos a qualquer momento, dependendo do humor do secretário-geral, que na prática é o dono do PR.
Como se não bastasse controlar o aparelho partidário, Costa Neto é o responsável por todas as indicações dos cargos comissionados na Câmara sob o alcance do PR. O deputado Paulo Freire (SP), por exemplo, não conseguiu indicar qualquer assessor para um cargo em comissão (CNE) destinado à Liderança do Partido. Todos já tinham sido preenchidos por indicação de Costa Neto.
O deputado João Maia (RN), indicado para presidir a Comissão de Desenvolvimento Urbano, não conseguiu nomear sequer um funcionário de confiança. Todos os CNEs, cerca de vinte, já tinham sido reservados por Costa Neto, que deu apenas o aval para o colega assumir a presidência da comissão, no vácuo de um acordo entre partidos.
Assim também aconteceu com o ex-ministro Alfredo Nascimento, que teve respaldo político para comandar a pasta, mas as funções mais estratégicas ficaram com o deputado Costa Neto, que seria o operador do esquema de propina. Mesmo sem cargo na estrutura federal, ele lideraria reuniões com empreiteiros e consultorias que participavam de licitações do governo no ramo.
Pelo menos dois assessores diretos do então ministro, Alfredo Nascimento (PR), foram afastados dos cargos. Também deixaram suas funções o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, e o diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves.