Verdade ou mentira – O líder do PSDB no Senado Federal, Alvaro Dias (PR), está apreensivo no sentido de que a Comissão da Verdade esteja no caminho certo, sem nenhum desvio de função. “Não há como ficar contra a comissão da verdade. O que nós temos que verificar depois é se ela vai se transformar depois na comissão da mentira. Se isso ocorrer teremos que denunciar. E isso já se dá no momento de indicar os nomes. Espera-se que os nomes sejam insuspeitos. Afinal, o que se deseja é escrever capítulos da história brasileira com verdade e não com mentira”, enfatiza.
O governo terá de garimpar nomes para compor a comissão. Na opinião de Dias haverá dificuldades. “Não será fácil convencer a todos nós de que há boa intenção na composição. Obviamente, é um risco que o governo vai correr. Ao indicar ser questionado pela indicação. Mas esse é ponto crucial. Em tese nós não podemos ser contra aquilo que se chama Comissão da Verdade. Se é Comissão da Verdade tem o nosso apoio. Nós não podemos compactuar se ela se transformar numa comissão da mentira”, disse Dias.
Para o senador do PSDB, não há o que questionar quanto ao texto. “Temos que prestar atenção é no comportamento, depois, na execução dessa proposta”, destacou. Ele acredita que a oposição tem que se manter na posição de fiscal dos atos. “Seria um risco a oposição compactuar indicando qualquer nome”, destaca.
Questionado sobre se parte do princípio de que há uma só verdade, no embate com o governo, o senador resumiu a questão filosófica. “A verdade deve ser uma só. A verdade é aquela que espelha a realidade dos fatos. É uma situação tão complexa que se fosse presidente da República não trataria desse assunto. Isso pode ser um tiro no pé do governo.”
Votação da Emenda 29 em 2012
A estratégia do governo em empurrar para o ano que vem a votação da Emenda 29 é “malandra”, segundo Álvaro Dias. A passagem da votação no Senado deve ser feita com a maior urgência possível. “O Senado aprovou aqui rapidamente, a regulamentação da Emenda 29, que dormiu nas gavetas da Câmara dos Deputados por desejo do poder Executivo. Na volta nós não podemos fazer com que ela durma mais alguns meses ou anos nas gavetas do Senado. Nós precisamos aprovar rapidamente a regulamentação da Emenda 29.”
O senador foi perguntado se a situação caótica na saúde, com perda de vidas, seria passível de provocar uma ação contra o governo por crime de responsabilidade. “Não há dúvida que há crime de responsabilidade sim. Na medida em que a impunidade prevalece, os desvios ocorrem. O Tribunal de contas denuncia desvio de R$ 2,3 bilhões na área de saúde pública. Há corpos amontoados em corredores de hospitais no Brasil. Há gente em filas enormes, pessoas morrendo desassistidas e evidentemente trata-se sim de crime de responsabilidade de quem aplica mal os recursos e permite desvios e é incompetente na forma de gerenciar”, finaliza.