Prazeres da mesa – A crença popular convencionou, ao longo de décadas, que todo dia 29 de cada mês é preciso comer o chamado nhoque da fortuna (ou nhoque da sorte). Diz a lenda que num dia 29 de dezembro, em uma pequena cidade do interior da Itália, um andarilho decidiu bater à porta de uma casa para pedir comida. Com poucas posses, os donos da casa, mesmo que desconfiados, acharam pro bem convidar o pedinte para sentar à mesa. Como o cardápio não era suficiente para todos, optaram por dividir o prato do dia. E a cada um coube uma porção com sete nhoques (gnocchi, em italiano). Ao ir embora, o pedinte, que segundo a lenda era São Pantaleão, deixou sob o prato algumas moedas de ouro, para a surpresa dos donos da casa.
Desde então, vem crescendo o número de simpatizantes do nhoque da fortuna, que a cada mês conquista novos adeptos, seja pela esperança de dias melhores em termos materiais e financeiros, seja pela oportunidade de sentar-se à mesa e compartilhar com amigos um momento que mescla ilusão com folclore.
A simpatia é simples e requer do participante do eventual afortunado regabofe apenas uma cédula de dinheiro, que deve ser colocada sob o prato com nhoque, assim como fez São Bartolomeu antes de deixar a casa dos campesinos italianos. Em seguida é preciso ficar de pé e comer calmamente sete nhoques, um a um, com direito a pedidos. Encerrada essa etapa, o glutão pode retomar o assento e sem entregar a uma das simples e boas iguarias da culinária italiana, que ao longo do tempo ganhou receitas tão inventivas quanto rebuscadas. A cédula colocada sob o prato de nhoque deve ser guardada até o próximo dia 29, como forma de garantir a fortuna. Há os garantem que a tal nota de dinheiro deve ser dada a quem precisa.
Fato é que com ou sem o nhoque da sorte, o importante é saber que o trabalho enobrece o homem e pode trazer riquezas. No contraponto, há em muitas ruas ou avenidas verde-louras, além de restaurantes que servem nhoque, casas lotéricas.