Túnel do tempo – Como destacou o ucho.info em matéria anterior, os policiais militares em greve têm o direito de pleitear salários dignos e melhores condições de trabalho, mas em hipótese alguma podem se valer de ações tipicamente terroristas para alcançar seus objetivos. E qualquer transgressão deve ser contemplada com a dureza da lei, sem privilégio de qualquer natureza, pois em ações semelhantes praticadas por cidadãos comuns a Justiça é implacável.
Questionada sobre as conversas mantidas entre policiais militares baianos, em greve há onze dias, que por telefone combinaram atos de vandalismo, a presidente Dilma Vana Rousseff, durante viagem ao Nordeste, disse estar “estarrecida”, sem em momento algum criticar o direito de greve dos trabalhadores.
A presidente da República age corretamente ao manifestar seu estarrecimento, pois essa é a sensação da população brasileira, principalmente nos estados onde os agentes da segurança pública cruzaram os braços e agem na contramão da lógica, prejudicando de forma covarde o cidadão.
Mesmo sendo uma “cristã nova” dentro do PT, pois era filiada ao PDT, Dilma sabe como funcionam os bastidores de uma greve. Até porque, seu padrinho eleitoral, Luiz Inácio da Silva, foi o maior patrocinador de greves da história do País.
Se estarrecida a presidente ficou ao ouvir as gravações autorizadas pela Justiça, de igual forma deveria ter se comportado com uma conversa telefônica entre dois integrantes do PCC, facção criminosa que controla os presídios paulistas. No diálogo, Maria de Carvalho Felício, a “Petronília”, então mulher de José Márcio Felício, ex-líder do PCC, transmite ao preso José Sérgio dos Santos, a quem chama de “Shel”, orientação repassada por um líder da organização para que os familiares dos ligados à facção criminosa votem em José Genoino, então candidato a deputado federal.
Não se trata de querer endossar os atos de vandalismo promovidos pelos policiais grevistas da Bahia, mas querer que a presidente Dilma Rousseff dedique ao caso a mesma dose de estarrecimento que foi dispensada ao movimento de criminosos em favor da candidatura do companheiro Genoino.
Confira abaixo a transcrição do diálogo entre os integrantes da facção criminosa
Maria de Carvalho Felício: Ele mandou uma missão pro Zildo (piloto-geral de Ribeirão Preto). Vamos ver se o Zildo é capaz de cumprir.
José Sérgio dos Santos: Tá bom. Você quer passar pra mim ou dou particularmente pra ele?
Maria: Não, não. Ele quer festa (ataques) até a eleição. E é pra eleger o Genoíno. E, ser for o caso, ele vai pedir pro pessoal mandar as famílias não irem nas visitas pra votar, entendeu? Ele falou que um dia sem visita não mata ninguém. Ele falou: “Fica todo mundo sem visita no dia da eleição pra todo mundo votar pro Genoíno”.
Santos: Não, mas isso… Acho que todo mundo… A maioria das mulher de preso… Vai votar no Al? Nunca.
Maria: Então, é pra pedir isso. Se, por exemplo, a mulher vai, daí a mãe, a irmã tudo vota pro Genoíno. Se só a mulher que vota, então essa mulher não vai na visita e vota no Genoíno. É pra todo mundo ficar nessa sintonia: Genoíno.
Santos: E é dali que vem, né?
Maria: Isso. É o (incompreensível)
Santos: Tá bom.
Maria: Tá bom, então?
Santos: Tô deixando assim um boa-tarde aí. Se cuida agora. Vai descansar.