Marcha à ré – Prefeito da maior cidade brasileira, São Paulo, Gilberto Kassab reuniu-se há instantes com representantes da SPTuris para decidir as penalidades às escolas cujos integrantes patrocinaram cenas de vandalismo no sambódromo paulistano. Kassab chegou ao local decidido a punir financeiramente as escolas envolvidas no pífio espetáculo, pois afinal a prefeitura de São Paulo financia parte do Carnaval da cidade, mas ao final o alcaide mudou de ideia.
Alegando que prefere aguardar o fim das investigações para decidir qual punição será aplicada às agremiações, Gilberto Kassab simplesmente ignorou o fato de que os vândalos estavam em local reservado a convite de diretores das escolas que deveriam sofrer punições. De acordo com o estatuto da Liga das Escolas de Samba de São Paulo, podem ser banidas do grupo as agremiações cujos integrantes participem de confusões, como a que marcou a apuração do Carnaval 2012.
O recuo de Kassab é explicável, mas não justificável, pois estamos em ano de eleições e o PSD, partido do prefeito, acaba de nascer e não quer conquistar a repulsa do eleitorado. Além disso, uma eventual punição à Gaviões da Fiel atrapalharia as conversas de Kassab com o PT de Lula – homenageado pela escola de samba alvinegra – suspensas por conta da eventual participação de José Serra na disputa pela prefeitura da capital dos paulistas.
Kassab anunciou, durante entrevista, que a segurança do sambódromo, a partir de agora, será de responsabilidade da prefeitura. Até então, a segurança do Carnaval paulistano (desfiles e apuração), de acordo com contrato, era de responsabilidade da Liga das Escolas de Samba de São Paulo, entidade que congrega pessoas sérias, mas abriga também os chamados “hooligans” do samba. Deixar a segurança de um evento reúne atrai milhares de pessoas em local público a cargo dos organizadores é no mínimo um ato de irresponsabilidade desmedida.
No caso de a decisão de Kassab ser rejeitada pela Polícia Militar de São Paulo, a prefeitura não mais investirá recursos no Carnaval paulistano. Novamente, uma festa popular é utilizada como palanque político. Não se deve discutir a falha da Polícia Militar e da Polícia Civil no episódio do sambódromo, assim como a empresa de segurança contratada pela Liga, mas está claro que o objetivo de Kassab é transferir ao governador Geraldo Alckmin a responsabilidade pelo ocorrido.