Fazendo caixa – Sob um céu cinza e carrancudo, a cidade de São Paulo amanheceu como palco de mais um protesto. Desta vez a manifestação aconteceu na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), maior centro de distribuição de alimentos da América Latina, localizado na Zona Oeste da capital paulista.
Órgão federal vinculado ao Ministério da Agricultura, a Ceagesp tenta implantar no local um projeto de controle de circulação, onde os usuários terão de pagar pelo estacionamento, até então gratuito. A manifestação com cerca de 400 permissionários e carregadores começou na madrugada desta quarta-feira (28) e pela manhã causava transtornos ao trânsito da região.
Segundo a direção da Ceagesp, as críticas se devem a processo licitatório para a implantação e operação de sistema de monitoramento por vídeos, controle de acesso de portarias e ordenação da circulação de veículos e pedestres no entreposto de São Paulo. O plano prevê a cobrança de uma taxa para a entrada e a permanência de caminhões no local, o que é contestado pelos manifestantes.
Com a direção entregue a petistas, alguns deles ligados a conhecidos integrantes do partido, a Ceagesp está em estado de quase abandono. O asfalto que cobre o pavilhão central deteriorado e com ondulações, sendo que a taxa de conservação do piso já foi devidamente cobrada dos permissionários. A cobertura do pavilhão sofre com a ação do tempo, sem que nenhuma medida foi tomada até agora para impedir a deterioração. Na área reservada ao estacionamento de carros e caminhões, o local, também sem conservação, acumula sujeira e água em estado de putrefação.
Quem conversa com os permissionários dos varejões que lá acontecem regularmente não demora a perceber os desmandos que ocorrem no órgão, que agora criou uma nova maneira de arrecadar mais dinheiro. A licitação em questão, se efetivada, deve ser monitorada de perto, pois estamos em ano eleitoral e os candidatos de qualquer partido precisam de caixa para financiar suas campanhas. O Brasil é o mesmo de sempre e não mudará tão cedo, até que a sociedade resolva se manifestar de forma adequada e contínua.