Primeiro passo – Para não ter o mandato requerido pelo Democratas, o senador Demóstenes Torres (GO) entregou na manhã desta terça-feira (3) documento em que pede desfiliação partidária. Assim, o parlamentar evita um processo de expulsão e mantém por mais algum tempo o mandato de senador, o que lhe confere o benefício de ser investigado e julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
A estratégia de Demóstenes Torres segue uma linha de tempo construída a partir das denúncias de seu envolvimento com o empresário da jogatina Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo.
Com a desfiliação, Demóstenes alegará, diante de um eventual reclamo do Democratas, que deixou a legenda porque estava ameaçado de expulsão. Para tal usará como justificativa o princípio constitucional da presunção da inocência. De tal modo, o senador goiano ficará livre para pedir licença do cargo por quatro meses para tratar de assuntos pessoais, como prevê o regimento interno do Senado Federal.
Enquanto comanda essa manobra e se prepara para enfrentar um processo no Conselho de Ética do Senado, Demóstenes Torres se debruça sobre o extenso inquérito da PF que traz a transcrição de aproximadamente trezentos telefonemas trocados com Cachoeira.
A situação de Demóstenes não é a mais confortável, principalmente porque a tese da renúncia ao mandato vem ganhando força nas últimas horas. Se não quiser perder os direitos políticos e tentar preservar a elegibilidade, o senador não terá outro caminho que não despedir-se antecipadamente da Câmara Alta.