Briga entre Gaviões e Mancha mostra que torcidas organizadas se rendem às ordens de facção criminosa

Caso de polícia – Por trás da briga entre torcedores palmeirenses e corintianos, que terminou com dois mortos e muitos feridos, na Zona Norte da capital paulista, há uma situação muito mais preocupante.

Dirigentes das duas torcidas que protagonizaram o criminoso enfrentamento, Gaviões da Fiel (Corinthians) e Mancha Alviverde (Palmeiras), negam envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC), mas integrantes de ambas as agremiações confirmam a interferência da facção criminosa que domina os presídios paulistas nas organizadas.

De acordo com o relato de um torcedor, o PCC repreendeu a Gaviões e a Mancha pelo resultado da briga que ocorreu na manhã do dia 25 de março, na Avenida Inajar de Souza, na região norte da cidade de São Paulo.

Há dias, uma reunião na quadra da Gaviões da Fiel para tratar do tema contou com a participação de dois representantes da Mancha Alviverde e membros do PCC, que repreenderam os torcedores pela morte de dois integrantes da torcida palmeirense.

Segundo apurou a reportagem, as organizadas descumpriram acordo selado há dois anos, pelo qual estava proibido o uso de armas de fogo nos confrontos entre as duas torcidas, como forma de evitar assassinatos, o que, segundo a facção criminosa, chama a atenção da polícia.

Durante o encontro na quadra da Gaviões, o representantes do “partido”, como é chamado do PCC por seus integrantes, obrigou os dirigentes da Mancha Alviverde a se comprometerem que as duas mortes ocorridas antes da partida entre os dois clubes não serão vingadas. O objetivo da imposição é interromper o movimento cruzado de vingança entre torcedores e evitar uma operação pente-fino da Polícia Civil e do Ministério Público nas organizadas.

A reunião na quadra da Gaviões reforça não apenas a nocividade crescente das torcidas organizadas, mas destaca a crença dos torcedores no poder de punição da facção criminosa, assunto que por força da lei é prerrogativa do Poder Judiciário.

Se nada for feito para conter a atuação das torcidas organizadas, com direito, inclusive, a uma devassa nos clubes de futebol, que patrocinam tais agremiações, a Copa do Mundo de 2014 está fadada a se transformar em uma praça de guerra, caso algo de errado aconteça na organização do evento. E a chance de erros acontecerem cresce a cada dia.