Mudez estranha – Há notícias que passam ao largo da atenção dos brasileiros ou, então, a sociedade está mergulhada em um processo de letargia que a impede de enxergar o óbvio. É verdade que a memória do brasileiro não é das mais extensas, mas determinados assuntos deveriam estar constantemente na pauta do cotidiano. Quando liderava as fileiras da oposição, o que fazia de forma ruidosa e impertinente, o PT sempre defendeu a majoração do salário mínimo para patamares inviáveis para a economia do País. Mesmo assim, a grita dos petistas era ampla, geral e irrestrita. Nesse período, os representantes da esquerda sempre tomaram por base o salário sugerido pelo Dieese para reforçar o discurso contra os ocupantes do poder.
Se a tese da oposição de outrora valesse nos dias atuais, o salário mínimo deveria valer R$ 2.349,26, segundo o mesmo Dieese. Ou seja, 3,78 vezes o valor do mínimo atual, fixado em R$ 622. Cmo se fosse um enorme favor, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, anunciou na semana passada o valor do salário mínimo para 2013: R$ 667,75, valor que consta na proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Traduzindo em números reais, o salário do próximo ano corresponderá a 28,42% do salário ideal de hoje. Para enriquecer ainda mais a comparação, se um trabalhador fosse comprar hoje uma cesta básica (preço médio de R$ 232,83) com o salário mínimo de 2013, seria obrigado a desembolsar 34,87% do seu ganho mensal.
O anúncio foi feito no meio da tarde da última sexta-feira (13), pois como se sabe a reverberação de um assunto como esse sempre perde força faltando algumas horas para o final de semana. No caso de serem questionados, esses herdeiros de Aladim por certo dirão que no Brasil poucas são as pessoas que recebem um salário mínimo, o que é uma inverdade. Conforme já noticiamos, pelo menos 19 milhões de brasileiros recebem mensalmente esse valor. Para provar, basta tomar como referência a decisão do Ministério das Comunicações de criar o chamado telefone social, que na primeira etapa do projeto atenderá as famílias que ganham até um salário mínimo. Como bem disse o então presidente Lula, “nunca antes na história deste país”.