Advogados não combinam detalhes sobre a inexistência do mensalão, o que pode complicar a vida dos réus

Grande escapada – Os advogados dos réus do Mensalão do PT (Ação Penal 470) esqueceram de combinar a mentira que contariam no Supremo Tribunal Federal. Dos advogados que já passaram pelo plenário do STF desde segunda-feira (6), todos negaram a existência da compra de apoio parlamentar no Congresso Nacional, mas muitos foram os que admitiram a existência de caixa 2 de campanha. A perna mais curta dessa mentira orquestrada está em um pequeno detalhe. Enquanto alguns advogados falam que o dinheiro foi utilizado para campanhas posteriores ao escândalo, outros falam que os valores fora usados para quitar dívidas de campanhas passadas. Ou seja, a eventual condenação de alguns encontrou mais um alicerce.

Outro equívoco é afirmar que as operações de crédito realizadas com bancos existiram de fato, pois o dinheiro saiu das instituições financeiras para contas bancárias dos envolvidos no esquema. As operações de fato existiram, mas foram emolduradas por razões incompreensíveis e inaceitáveis. Como noticiou o ucho.info no primeiro dia do julgamento do caso, a CPI dos Correios perdeu a grande oportunidade de decifrar o elo entre a morte do ex-prefeito Celso Daniel, de Santo André, como o escândalo do Mensalão do PT.

Como explicado na referida matéria, boa parte do dinheiro da propina arrecadada em Santo André acabou em contas bancárias no exterior, o que levou os participes do mensalão a usarem empréstimos que jamais foram pagos para trazer de volta ao Brasil, de maneira legal, o dinheiro que remetido de forma ilegal para cintas bancárias internacionais. As instituições financeiras que participaram da operação possuem bancos ou correspondentes no exterior, onde receberam o dinheiro ilegal.

O escândalo do Mensalão do PT movimentou muito mais dinheiro do que o apontado na denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República. Nas investigações do caso, a própria Polícia Federal constatou que as contas bancárias do esquema criminoso receberam vultosas somas em dinheiro, acima do que consta da denúncia. O principal financiador do mensalão, ouvido na CPI dos Correios, não foi incluído no inquérito aberto pelo Ministério Público Federal, o que é causou profunda estranheza.

Durante meses a fio, no ano de 2005, o editor do ucho.info, mesmo sendo alvo de retaliações das mais diversas, apontou aos integrantes da CPI as provas para que o responsável pela principal fonte de alimentação do Mensalão do PT pudesse ser investigado e denunciado. E o banqueiro em questão só não está respondendo a processo no STF porque abriu a polpuda carteira na hora certa, dispensando qualquer ideologia no momento de distribuir o dinheiro.