Fim da linha – O deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-PA), que preside a Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o tráfico de pessoas no Brasil, afirmou nesta terça-feira (7) que o ambiente esportivo tem sido alvo das quadrilhas especializadas em enviar garotos para o exterior e outros estados.
A afirmação ocorreu durante depoimento, à CPI, da jornalista independente Dayse Cristina da Silva Costa. A profissional apura casos de tráfico de jovens que envolveriam escolas e clubes de futebol brasileiros. Com a ajuda de colaboradores, Dayse realizou alguns documentários que retratam esta situação.
“Este é um trabalho de cunho próprio realizado com um esforço muito grande e que reúne denúncias concretas. O tráfico no meio esportivo é muito mais recorrente do que imaginamos”, ressaltou o presidente da CPI.
Modo de ação das quadrilhas
Segundo relato da depoente, empresários e olheiros de futebol agem livremente, principalmente no interior dos estados, para recrutar meninos. Ela citou o caso do Pará, onde atua há quatro anos. Os intermediadores têm como alvo partidas informais realizadas nestas cidades, onde abordam os jogadores. Também agem em escolas ou em locais onde há concentração de adolescentes.
Num dos casos retratados em seus documentários, Dayse Costa disse que soube do caso de dois jovens piauienses que foram para os Emirados Árabes com a promessa de fecharem contrato com clubes de futebol, mas que acabaram abandonados no meio do processo e induzidos a se prostituírem. Tornaram-se travestis, de acordo com a jornalista.
Ela acrescentou que há notícias de que 19 jovens paraenses teriam ido para o estado de Goiás, onde aguardam transferência para o exterior.
“O mais difícil é que não tem prova. Há contratos, mas no fundo, no fundo, a realidade é outra”, disse.