Sem saída – Com o mercado financeiro projetando para 1,75% o crescimento da economia em 2012, o governo federal será obrigado a prorrogar a isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para determinados modelos de automóveis, caso queira frear a queda do PIB, que sente cada vez mais os efeitos da crise internacional. A previsão dos analistas do mercado financeiro, consultados pelo Banco Central, contraria os discursos palacianos.
A decisão sobre a prorrogação da isenção de IPI deve ser anunciada até o próximo dia 31 de agosto, quando termina o benefício. Com a volta do imposto, a venda de carros deve cair substancialmente, pois em casos de financiamento as parcelas sofrerão aumento na casa dos 14%. Com a proximidade do fim da isenção tributária, a indústria automotiva espera fechar o mês de agosto com 380 mil unidades vendidas em todo o País.
O Palácio do Planalto ainda faz mistério sobre o tema, mas um anúncio de prorrogação é esperado pelo mercado, principalmente porque o PIB industrial continua negativo, situação que compromete qualquer expectativa em relação ao crescimento econômico.
O contraponto
Salvar a economia beneficiando alguns setores é resultado de políticas governamentais equivocadas, o que não é novidade quando o assunto é o PT. Sem fazer as mudanças estruturais que o cenário econômico atual exige, o governo prefere adotar medidas isoladas que demoram a produzir efeitos, ao mesmo tempo em que engana a opinião pública com esses rapapés oficiais.
Independentemente da decisão sobre a prorrogação da isenção do IPI dos automóveis, o governo federal precisa tomar medidas urgentes para solucionar o caos que se instalou nas principais cidades brasileiras a partir de 2009, quando o País foi palco de enxurradas de carros novos. Tal situação transformou as ruas e avenidas das grandes metrópoles transformaram-se em cenário de congestionamentos quase intermináveis.
Quando o então presidente Luiz Inácio da Silva anunciou a redução do IPI dos automóveis, o ucho.info alertou de forma insistente para a necessidade de adoção de políticas de mobilidade urbana, sob pena de muitas cidades do País se tornarem intransitáveis em alguns momentos do dia, como acontece com São Paulo e Rio de Janeiro, onde o volume de carros excede o espaço viário.
Na capital paulista, por exemplo, um motorista perde, em média, três horas por dia para ir ao trabalho e voltar. O grande erro do governo petista é passar a população a falsa ideia de que um país rico é aquele que os cidadãos pobres conseguem comprar um carro, quando na verdade é aquele em que os ricos usam o transporte público. Quando a Copa de 2014 chegar, o Brasil conhecerá de fato os estragos produzidos pelo messianismo boquirroto de Lula, sempre camuflados por uma bolha de virtuosismo que começa a estourar.