Na contramão – No momento em que o noticiário político sofre com a falta de informações, a imprensa nacional deu destaque, na terça-feira (21), à abertura das inscrições para os que desejam trabalhar de forma voluntária na Copa das Confederações (2013) e na Copa do Mundo (2014). O evento de lançamento foi organizado pela FIFA e contou com a participação de integrantes do Comitê Organizador Local (COL).
O material de divulgação do processo de inscrição destaca que se trata de atividade “cívica”, na qual os voluntários terão a oportunidade de recepcionar turistas de todo o mundo, em jornadas que poderão se estender até dez horas diárias, tempo que ultrapassa o que determina a legislação trabalhista vigente.
O absurdo ganha contorno extra com o perfil voluntário do trabalho, ou seja, os que trabalharem nos dois eventos esportivos dedicarão o suor por amor à pátria, enquanto os dois certames futebolísticos renderão verdadeiras fortunas a todos os envolvidos, sem contar o dinheiro público que será desviado das obras para ambas as Copas, a exemplo do que ocorreu nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro (2007).
A expectativa é que ao todo 100 mil voluntários participem dos dois eventos esportivos nas mais diversas áreas, mas os ligados à FIFA-COL não devem passar de 7 mil.
A atuação do voluntariado nas Copas das Confederações e do Mundo é transformar os incautos que se inscreverem em uma legião de explorados com a anuência de um governo comandado por partido que diz representar os interesses dos trabalhadores. Em tempos outros, o PT jamais permitiria que a iniciativa privada explorasse de maneira vil os trabalhadores, a eles concedendo um prato de comida em troca de uma jornada de dez horas. Como disse certa feita o messiânico Lula, que agora palpita até na permanência do técnico da seleção, “nunca antes na história deste país”.