Contra a natureza – A cidade de São Paulo produz dez mil toneladas de lixo diariamente. Deste total, pelo menos 1.786 toneladas, que poderiam ser reaproveitadas, são destinadas aos aterros sanitários.
O número demonstra a falta de interesse e respeito aos moradores da cidade que separam seu lixo reciclável e, mesmo assim, não têm garantias de que o material será realmente tratado.
A estimativa é de que 90% do lixo reciclável são destinados às áreas de descarte de lixo comum, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Serviços. Entre os materiais estão garrafas PET, caixas de alumínio e de papel.
O descaso é atribuído, pela Secretaria Municipal de Serviços, à própria população que não separa os resíduos. Já o diretor-executivo da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), Carlos Silva Filho, apesar de concordar com a secretaria, aponta outros fatores para o baixo percentual de reciclagem. Ele afirma que de um lado faltam ações de incentivo à separação e de outro é necessário que São Paulo crie um programa de expansão da coleta seletiva.
A prefeitura, por sua vez, defende-se afirmando que a são realizadas ações educativas e que o material reciclável aumentou 20 toneladas por dia, em 2003, para 214 toneladas neste ano.
Entretanto, a reportagem do Metro ressaltou que o fato de separar e destinar corretamente o resíduo sólido para centrais de triagem não garante o tratamento do material. Neste ano, o mesmo veículo mostrou que as 21 cooperativas conveniadas com a prefeitura trabalham acima da sua capacidade e que 50% do lixo que seria reciclado em tais centrais destina-se, infelizmente, aos aterros sanitários.
A Secretaria de Serviços afirma que implantará mais quatro centrais de triagem e desapropriará áreas para a construção de mais sete. A capital de São Paulo possui atualmente 21 pontos de reciclagem de resíduos.
A cidade deve se apressar, pois de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, até 2014 todos os lixões devem ser extintos, novos aterros devem ser implantados e precisar ocorrer a universalização da coleta seletiva.
Um dos prazos para o cumprimento de tais metas terminou neste mês. Trata-se dos Planos de Gestão de Resíduos Sólidos, que deveriam ser desenvolvidos pelos municípios. Como lembrou o editorial da Folha desta segunda-feira (27), os que não cumprirem seus compromissos também não receberão recursos do governo federal para projetos de limpeza pública. (Do CicloVivo)