Desespero de ocasião – “O direito de espernear é não apenas dos quadrilheiros, mas também de seus defensores”, disse o deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, ao tomar conhecimento de matéria divulgada pelo site da Liderança do PT na Câmara, na qual a ONG do “Movimento dos Sem Mídia” promete ir à Justiça contra a TV Globo por causa da edição de terça-feira (23) do Jornal Nacional, que deu ampla cobertura para o julgamento do mensalão.
“Com ações como essa fica evidenciado por que o PT deseja tanto controlar a imprensa e manter a tutela de seus conteúdos”, completou Freire. A ONG acusa a TV Globo de crime eleitoral porque, segundo o site petista ela teria agido “de forma partidária”. “Foi o PT que se encaminhou para as editorias de polícia; a emissora só fez a cobertura, e não cabe a ninguém censurá-la ou controlá-la, pois estamos numa democracia, na vigência do estado democrático de direito”, observou.
Movimentos como esse, dos “sem mídia”, comprovam, de acordo com Freire, a incompatibilidade do PT e de seus aliados com a democracia. O movimento promete entrar com representação na Procuradoria Geral da República. A ONG não se conforma com o fato de o JN ter feito uma edição com um resumo do julgamento até agora. Na avaliação dela, isso atrapalhou os candidatos do PT nas eleições municipais. “O que atrapalha é que o partido tenha perpetrado o mensalão, não as reportagens sobre o assunto.”
Amigos de 1968
Sobre a iniciativa do grupo “amigos de 68”, que se reuniu com José Dirceu e José Genoino no último fim de semana para articular uma reação política à condenação dos dois pelo STF, Freire acha que também não passa de “jus esperniandi”. O grupo congrega ex-presos políticos e pensa em articular uma ação ampla com discussão sobre a reforma política e “análise” do Judiciário. Os amigos alegam que os dirigentes petistas foram vítimas de um julgamento de exceção.
O presidente do PPS recusou-se a analisar qualquer atitude que submeta o Judiciário. Freire ressaltou que Dirceu e Genoino não serão presos políticos, como querem seus ex-companheiros de guerrilha. “Eles foram condenados por crimes comuns de corrupção ativa e formação de quadrilha. Não cabe essa discussão; serão presos comuns”.