(*) Carlos Brickmann –
1- Agora é para levar a ameaça a sério: a ANP, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, garante que o abastecimento de combustíveis no país, tanto de diesel como de gasolina, está ocorrendo de forma regular.
Estão respondendo a uma pergunta que não foi feita. Que o abastecimento está ocorrendo de forma regular, isso é claro. O que se põe em dúvida é o abastecimento no fim do ano, quando o consumo aumenta; o que se põe em dúvida é a possibilidade de repor estoques em volume suficiente para as festas. E, quando uma agência governamental diz que não há problema, é como o amigo que diz o famoso “deixa comigo”. Prepare-se para a tempestade que se aproxima.
2- Apagão agora é em série – houve 34 em pouco mais de um mês, na média de um por dia. O Governo já explicou que não são apagões, são apaguinhos. Tudo bem – só que milhões de pessoas, distribuídas em vários Estados, ficam sem eletricidade do mesmo jeito, perdem negócios, perdem comida, perdem eletrodomésticos, deixam de trabalhar normalmente. E que se queixem ao bispo.
3- As obras de mobilidade urbana para a Copa, previstas no PAC, estão devagar, quase parando. Em três das cidades onde haverá jogos não houve investimento algum no setor; nas demais, investiu-se menos de 6% do previsto. Mantido o ritmo, as obras estarão prontas para a Copa de 2030 – que não será aqui.
Alguém lembra o nome da todo-poderosa ministra de Minas e Energia? Alguém lembra quem foi a Mãe do PAC?
Notícia importante
Joaquim Barbosa, depois de tratar-se, retoma hoje o julgamento do Mensalão.
Notícia desimportante
Edison Lobão, depois de tratar-se, retoma hoje o Ministério de Minas e Energia.
Marinho sem resposta
O prefeito reeleito de Santo André, Luiz Marinho, do PT, telefonou a esta coluna para explicar uma nota publicada no domingo, segundo a qual fez uma doação ao partido imensamente superior ao patrimônio que declarou à Justiça Eleitoral (ambas as quantias foram apuradas no portal do Tribunal Superior Eleitoral). Esta coluna solicitou que o prefeito enviasse sua versão, por escrito, para publicação imediata. A versão de Luiz Marinho não foi enviada. Mas este jornalista continua à disposição, para publicá-la na primeira coluna após o recebimento.
Bicadas suicidas
Ilustrando a frase “o PSDB é um partido de amigos formado 100% por inimigos”, uma história exemplar: a de Gustavo Fruet, tucano de impecáveis credenciais. Em 2007, seu partido decidiu marcar posição na disputa pela Presidência da Câmara, e lançou Fruet contra dois candidatos governistas, Aldo Rebelo e Arlindo Chinaglia. Teve 98 votos no primeiro turno, contra 236 de Chinaglia e 175 de Rebelo. Estaria no segundo turno se os aliados do PFL, hoje DEM, tivessem votado na oposição. Mas o PFL, talvez por hábito, votou no Governo: em Rebelo. Em 2009, Fruet foi convidado para primeiro vice-presidente do PSDB. Aceitou e os tucanos mudaram de ideia: escolheram a senadora Mariza Serrano. Em troca, ofereceram-lhe a secretaria-geral – e a entregaram ao deputado Rodrigo de Castro. Em 2010, disputou a indicação para o Senado, mas o PSDB estadual reservou as vagas para Ricardo Barros e Osmar Dias. Quis ser presidente do PSDB no Paraná, depois em Curitiba; o governador Beto Richa, seu companheiro de partido, fritou-o. Aí ele foi para o PDT, aliou-se aos adversários dos tucanos.
Livre dos amigos que o derrubavam, ganhou a Prefeitura de Curitiba.
Simples assim.
Quem sabe, sabe
O governador gaúcho Tarso Genro, do PT, convenceu um grupo de 60 empresários a acompanhá-lo numa missão a Cuba, para fazer negócios. É complicado: o comércio bilateral entre o Estado e a ilha é hoje de US$ 30 milhões por ano, quase nada. Equivale a três dias de arrecadação gaúcha de ICMS. A negociação mais concreta é uma troca de experiências: os gaúchos ensinam aos cubanos um programa de reciclagem de garrafas PET por cooperativas de catadores e os cubanos retribuem com um programa de reciclagem de papelão, também por cooperativas. Os empresários estão em Cuba, tentando fazer algo.
Tarso, mais esperto, largou-os e foi para Paris, no Hotel Georges V, para uma cerimônia da Câmara de Comércio Brasil-França. Entre Fidel e a Veuve Clicquot, como hesitar?
Perigo afastado
A CPI do Cachoeira morre sem investigar o mais importante: como o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira conseguiu relacionar-se com o Poder Público em diversos Estados, quais os testas de ferro que utilizou, o papel daquela grande empreiteira cujo proprietário saçaricava em Paris com um guardanapo na cabeça.
Mas, pensando bem, investigar para quê? Quem é que se sentiria seguro?
Ele contra ele
O mesmo instituto foi contratado pelos dois principais adversários nas eleições da OAB de São Paulo. Será curioso observar se os resultados serão os mesmos nas duas.
(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.