Regime de exceção – Até então, a Venezuela chavista era uma ditadura de fato. A partir desta quinta-feira (10), tornou-se uma ditadura também de direito. Contrariando o que determina a Constituição do país sul-americano, a Justiça da Venezuela decidiu como sendo legal o início do novo mandato presidencial de Hugo Chávez, sem que o mesmo tomasse posse. Até porque, não se tem notícia na história de que um cadáver tenha sido empossado como governante.
Desde que Chávez partiu para Havana, em 9 de dezembro passado, para apostar contra a vida e submeter-se a uma arriscada cirurgia para tentar conter a metástase de um sarcoma, que da região pélvica se espalhou para o intestino e a medula, o governo venezuelano vem mantendo ligada a máquina de mentiras oficiais. São tão diversas e contraditórias as informações divulgadas pela assessoria do Palácio Miraflores, que está cada vez mais difícil acreditar que o tiranete bolivariano esteja vivo.
De acordo com informações obtidas pelo ucho.info, com diversas e confiáveis fontes internacionais, Hugo Chávez não resistiu à septicemia decorrente da cirurgia e já estaria morto, sendo que a notícia só será dada no momento em que existir a garantia de que a Revolução Bolivariana não será vítima de um golpe da oposição.
O totalitarismo no território venezuelano chegou a tal ponto, que uma emissora de televisão, a Globovisón, foi censurada e proibida de divulgar vídeos sobre a polêmica que envolve a posse de Hugo Chávez.
Advogado da emissora, Ricardo Antela declarou que “abriram [o governo] um processo administrativo pela difusão de quatro micros (vídeos) que na opinião da Conatel (agência estatal) incitam o ódio, a intolerância e as alterações da ordem pública”. Antela destacou que a decisão é do governo é “um ato de censura prévia” e “parece proibir qualquer tipo de informação que proponha uma interpretação do artigo 321 da Constituição sobre a posse presidencial”.
A verdade como ela é
Essa truculência do Judiciário venezuelano ocorre à sombra de uma intensa briga nos bastidores chavistas, que contrapõe o vice-presidente Nicolás Maduro e Diosdado Cabello, presidente reeleito da Assembleia Nacional. Ambos sonham com o poder e sabem que a verdade sobre Hugo Chávez em algum momento virá à tona.
Nessa queda de braços há denúncias de lado a lado, mas diante das câmeras são todos fraternos revolucionários. Cabello é acusado de liderar o tráfico de drogas no país, com a conivência de militares de altas patentes. Maduro, que não quer entrar para a história como um motorista de ônibus que pegou o passageiro certo na hora certa, teria solicitado ajuda à DEA (Drug Enforcement Agency), dos Estados Unidos, para enquadrar o rival Diosdado Cabello.
À margem desse espetáculo privado de selvageria política estão os herdeiros de Hugo Chávez, que também não querem se distanciar da mamata. Além de exigirem cargos de destaque no governo, sabem que há depositado em bancos no exterior enormes quantias em dinheiro, desviadas ilegalmente no embalo do projeto chavista de financiar o Socialismo do Século XXI na América Latina. Não que algumas nações da porção latina das Américas tenham deixado de receber os quinhões bolivarianos, mas serviram de cortina de fumaça para o enriquecimento ilícito de Hugo Chávez, que jaz em Havana.
O silêncio obsequioso do Palácio do Planalto
Quando o Congresso do Paraguai, seguindo o que determina a Constituição, decretou o impeachment do ex-padre Fernando Lugo, a presidente Dilma Rousseff foi tomada por fúria esquerdista e partiu contra o vizinho país, que foi suspenso indefinidamente do Mercosul. No vácuo dessa decisão arbitrária que teve Dilma com patrona e incentivadora, a cúpula do Mercosul admitiu a Venezuela como membro do bloco econômico, se é que assim pode ser chamado, quando o veto paraguaio impedia esse ingresso.
Na ocasião da derrubada de Lugo e da posse do novo presidente paraguaio Federico Franco, que não reza pela cartilha de havana, Dilma Rousseff disse que se tratava de um golpe contra a democracia na América do Sul, como se Chávez não fosse um ditador com todas as letras.
Desde a chegada do PT ao poder central, o Brasil assumiu a posição vexatória de apoiar e endossar déspotas ao redor do planeta, alguns golpistas de carreira e outros sanguinários confessos. Esse comportamento do PT palaciano não apenas envergonha os brasileiros que sabem o que significa democracia, como afasta cada vez mais o País do sonho de conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Não será com o apoio a um punhado de estupradores da democracia que o Brasil alcançará seu objetivo.
Deixando de lado as questões ideológicas que unem Dilma a Chávez e outros tantos da esquerda festiva latino-americana, o Brasil não tem razão alguma para se alinhar de maneira obediente à ditadura chavista. Afinal, foi Hugo Chávez quem incentivou o índio Evo Morales, comunista que brotou nas plantações de coca da Bolívia, a se apropriar das instalações da Petrobras naquele país, causando à estatal petrolífera brasileira um prejuízo de US$ 1,6 bilhão. Fora isso, a Venezuela tornou-se sócia do governo brasileiro na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, sem que Chávez tivesse desembolsado até agora um só centavo.
A postura genuflexa dos palacianos diante dos desmandos de Hugo Chávez encontra explicação em um fato escabroso. A Venezuela, por seu regime ditatorial, tornou-se a porta de saída para o mundo no nióbio contrabandeado do Brasil, operação que acontece com a anuência das autoridades verde-louras.