Calculadora na mão – O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, insistiu na quarta-feira (17) na recontagem de votos na Venezuela e disse que os Estados Unidos ainda não estão em condições de reconhecer Nicolás Maduro como presidente eleito.
Perante uma comissão do Congresso em Washington, Kerry disse que, se comprovada a ocorrência de “grandes irregularidades” no processo eleitoral, como denunciou a oposição, os Estados Unidos terão “sérias dúvidas quanto à viabilidade deste governo”.
Ele afirmou que “inicialmente Maduro apoiava a ideia da recontagem”, e mais tarde o Conselho Nacional Eleitoral decidiu proclamá-lo vencedor. “Outros países e a OEA [Organização de Estados Americanos] também pediram a recontagem. Veremos o que vai acontecer”, completou.
No entanto, o presidente eleito da Venezuela, que toma posse nesta sexta-feira, minimizou o fato de os Estados Unidos não terem reconhecido sua vitória nas eleições ocorridas domingo. “Não queremos saber do seu reconhecimento. Decidimos ser livres e vamos ser livres e independentes com vocês ou sem vocês”, sublinhou Maduro.
Tensão na Venezuela
Em Bruxelas, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, disse que tomou conhecimento, por declarações tanto de representantes do governo como da oposição venezuelana, da “necessidade de uma auditoria na contagem dos votos”.
“É importante que o resultado da eleição possa ser aceito por todos, e que os apelos sejam rapidamente considerados pelas autoridades venezuelanas competentes”, declarou Ashton. Ela também lamentou as mortes ocorridas no país.
Maduro acusou o candidato da oposição, Henrique Capriles, pela morte de sete pessoas na segunda-feira, já que os mortos eram membros da oposição e protestavam pela recontagem de votos. Capriles, por sua vez perguntou como Maduro ajudará a acalmar a situação.
Maduro teve uma vantagem de 272.865 votos em relação a Capriles nas eleições de domingo, registrando 50,78% dos votos contra 48,95% do seu adversário. As eleições presidenciais na Venezuela acorreram um mês após a morte de Hugo Chávez, que tinha apontado Maduro como seu herdeiro político.
Reunião extraordinária
A União das Nações Sul-Americanas (Unasul) vai realizar nesta quinta-feira uma reunião extraordinária em Lima para discutir a situação na Venezuela, divulgou o Ministério das Relações Exteriores do Peru. O objetivo do encontro, pedido pelo presidente peruano, Ollanta Humala, é analisar os acontecimentos na Venezuela, afirma nota divulgada na noite de quarta-feira.
As presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e do Brasil, Dilma Rousseff, confirmaram sua participação na reunião, bem como o presidente do Uruguai, José Mujica. O governo venezuelano deverá estar representado pelo ministro das Relações Exteriores, Elías Jaua.
A Unasul conta com 12 membros (Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Uruguai, Venezuela e Paraguai – suspenso no ano passado) e é atualmente presidida pelo Peru. (DW)