Deu zebra – Entre o discurso e a realidade, o governo petista de Dilma Vana Rousseff começa a ser vítima da incompetência de seus integrantes. Isso porque a utopia ideológica impede que os petistas reconheçam o próprio fracasso.
Depois de ver fracassar o leilão da BR-262, atribuindo o fiasco razões políticas, o governo decidiu mudar as regras para o leilão do Aeroporto de Confins, na Grande Belo Horizonte. Para participar do leilão de privatização, que o PT prefere chamar de concessão, os interessados terão de comprovar experiência na gestão de 20 milhões de passageiros por ano, ao contrário dos 35 milhões exigidos inicialmente. Para o Aeroporto Tom Jobim, o velho e bom Galeão, no Rio de Janeiro, a exigência permanece em 35 milhões de passageiros por ano.
O governo do PT coleciona derrotas inquestionáveis, mas a oposição é incapaz de levar ao assunto aos brasileiros de forma clara e didática. No caso da privatização das rodovias, a assessoria do Palácio do Planalto informou que o governo pode assumir alguns investimentos caso não apareçam interessados. Trata-se de promessa absurda ou mais uma mentira visando a campanha pela reeleição de Dilma.
No caso de o governo assumir o investimento em alguns trechos de rodovias, o déficit fiscal será ainda maior. Ou seja, o governo, apesar dos recordes de arrecadação, gasta muito mais do que recebe. Para piorar, gasta muito mal. Se for uma mentira, o povo será enganado e o crescimento econômico continuará refém da falta de infraestrutura.
No que se refere ao leilão dos campos do pré-sal, para o primeiro deles – Campo de Libra – conseguiu despertar o interesse de apenas onze empresas do setor, contra quarenta que eram esperadas pela Agência Nacional do Petróleo. Mesmo assim, as onze empresas que pagaram as taxas (R$ 2 milhões) podem não participar da disputa devido às incertezas do negócio.
A preocupação não está na capacidade de produção do Campo de Libra, por exemplo, estimado em 12 bilhões de barris de petróleo, mas na insegurança jurídica que ronda o negócio. O sistema de partilha terá como controladora da operação a nova estatal PPSA, com poder de veto, o que assusta os investidores por causa intervencionista de um governo de esquerda que segue a cartilha de Havana.
O segundo grande problema é que independentemente de quais sejam as empresas vencedoras, ou até mesmo consórcios, a Petrobras terá, por decisão do governo, pelo menos 30% de participação, além de ter o monopólio de operação das plataformas de extração. Isso significa que a Petrobras para cumprir a lei terá de abrir os cofres, algo impossível se considerada a dificuldade financeira enfrentada pela empresa. Esse gargalo no fluxo financeiro da Petrobras é decorrente, também e principalmente, da decisão do governo de obrigar a petroleira a importar gasolina e vender o produto no mercado interno por preço subsidiado, como forma de não interferir no cálculo da inflação.
Caso queira que a Petrobras cumpra o que foi decidido e participe da exploração da camada pré-sal, o governo terá de aportar recursos no caixa da empresa. Acontece que o Tesouro Nacional já tem despejado dinheiro para custear a redução das tarifas de energia elétrica.
Resumindo, o nó está dado, é do tipo cego e ninguém sabe como desatá-lo. De tal modo, certo estava Lula, pelo menos uma vez, quando disse “nunca antes na história deste país”.