Fora de combate – A presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner, que nesta terça-feira (8) submeteu-se a cirurgia para a retirada de um coágulo no cérebro, poderá ficar afastada dos compromissos oficiais por pelo menos um mês. A operação foi considerada satisfatória, informou o porta-voz da Casa Rosada, Alfredo Scoccimarro, ao divulgar parte do primeiro boletim médico sobre o procedimento cirúrgico.
Cristina de Kirchner sofreu um tombo em agosto, ocasião em que bateu a cabeça no chão. À época, os médicos que a examinaram qualquer problema mais grave, mas o hematoma subdural (acúmulo de sangue na cabeça) se manifesta meses após a lesão. No último sábado (5), a presidente argentina, que já estava de licença médica, sentiu formigamento no braço esquerdo, o que obrigou a exames em hospital de Buenos Aires, quando foi detectado o problema no cérebro, que dependo do estágio pode provocar demência.
Kirchner deve ter alta hospitalar dentro dos próximos dias, mas a recuperação, considerada rápida, pode demorar de quatro a seis semanas, informou à agência AFP o médico Anders Cohen, chefe do departamento de Neurocirurgia do Brooklyn Hospital Center de Nova York. “É uma intervenção simples, de curta hospitalização, talvez três dias, seguida de um período de reabilitação. Ela poderá retomar suas atividades em 4 a 6 semanas (…). O prognóstico deve ser muito bom”, disse Cohen.
Sobre o fato de o coágulo ter aparecido somente agora, Anders Cohen explicou que é normal. “Isto é muito possível, se a veia que se rompeu era muito pequena, o sangue flui muito lentamente e não é anormal que após várias semanas surja o hematoma”, disse o médico do Brooklyn Hospital Center. “Trata-se de um hematoma que está entre o cérebro e o crânio. O sangue acumulado faz pressão no cérebro, então fazemos uma pequena incisão para abrir uma janela, isto dura cerca de 45 minutos, não é um procedimento longo, se remove o sangue e se certifica de que não há atividade sanguínea no local. Depois se coloca um dreno, algo que o paciente normalmente tolera muito bem”, completou.
A cirurgia
A cirurgia, que durou cerca de duas horas, é considerada simples, que se faz há mais de cem anos e pode ser realizada com segurança em qualquer parte do planeta. O procedimento a que submeteu Cristina de Kirchner consiste em realizar dois pequenos orifícios no crânio, de cinco a sete milímetros cada, nos quais são introduzidos dois cateteres, que servem para instilar soro e drenar o líquido que se mistura ao sangue do coágulo.
O pós-operatório
Nas primeiras 24 horas após a cirurgia, o paciente deve permanecer na Unidade de Terapia Intensiva. Depois desse período, deve permanecer durante três ou quatro dias no hospital e em repouso, podendo caminhar e sem fazer esforço físico. Nesse período a equipe médica monitora o dreno instalado para retirar algum resíduo do coágulo e, dependendo do resultado, o equipamento é retirado.
Após no máximo dez dias, os pontos cirúrgicos são retirados. Passado essa convalescência hospitalar, o paciente segue para casa, onde deve permanecer em repouso durante quatro semanas, sem esforço físico, para evitar recidiva.