Soltando a voz – Ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA), Edward Snowden disse estar disposto a colaborar com a Alemanha nas investigações sobre a espionagem norte-americana, que teria incluído até o monitoramento do telefone celular da chanceler Angela Merkel.
Snowden se encontrou na quinta-feira (31), em um hotel de Moscou, com dois jornalistas e o deputado verde alemão Hans-Christian Ströbele, uma das vozes mais críticas ao programa de espionagem. A eles, disse que falaria com o Ministério Público ou com uma comissão parlamentar caso conseguisse deixar a Rússia, onde está refugiado desde junho.
“Eu espero falar com vocês, no seu país, quando a situação estiver resolvida. E obrigado por defender as leis internacionais, que protegem todos nós”, afirmou Snowden em carta endereçada a Merkel, ao Parlamento e a promotores alemães.
Segundo Ströbele, a quem o ex-técnico da CIA entregou a carta, “Snowden está saudável e com bom aspecto” e “deixou claro que sabe muito”. No entanto, o ex-técnico – que com suas informações provocou a maior crise diplomática dos Estados Unidos com seus aliados em décadas – disse ao deputado alemão que, devido a sua complicada situação, não poderá prestar depoimento pessoalmente.
Advogado faz ressalva
O ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich, confirmou ao semanário Die Zeit que Snowden poderia depor aos promotores alemães no caso da suposta espionagem do celular de Merkel. Ele poderia responder às questões por escrito ou falar com os promotores alemães na Rússia, já que não pode deixar o país.
“Vamos encontrar formas, caso Snowden esteja disposto a conversar com as autoridades alemãs. Essa conversa ainda é possível”.
Nesta sexta-feira, o advogado de Snowden, Anatoly Kucherena, garantiu que seu cliente está disposto a cooperar com todos. Mas lembrou os obstáculos que essa cooperação poderá enfrentar, já que ele tem status de asilado político na Rússia.
“Snowden vive na Rússia sob a lei russa. Não pode ir ao exterior sob pena de perder o atual status. E, enquanto estiver na Rússia, aceitou não divulgar nenhuma informação secreta”, declarou o advogado.
“Longe demais”
O secretário de Estado americano, John Kerry, disse nesta quinta-feira em uma videoconferência que a espionagem americana foi “longe demais”, algo que atribuiu ao fato de a política de inteligência estar “em piloto automático”.
Kerry fez tais declarações por videoconferência com Londres, durante um fórum sobre governabilidade e participação da sociedade civil.
“Não há dúvida que o presidente, eu mesmo e outros no governo americano conhecemos detalhes de atos que estiveram acontecendo no piloto automático, porque a tecnologia estava aí e se manteve ao longo de um extenso período de tempo”, explicou Kerry.
“Em alguns casos, reconheço, como já fez o presidente, que estas ações chegaram longe demais e vamos nos assegurar que não aconteça de novo”, completou. (Com agências internacionais)