Pavio aceso – Há quem acredita que o agravamento da crise política na Venezuela é a versão latino-americana da Primavera Árabe, mas ainda é cedo para tal comparação. O que não significa que o presidente Nicolás Maduro não corra riscos de ser despejado do Palácio Miraflores, sede do governo venezuelano.
Sem o carisma e a capacidade aglutinativa do delinquente bolivariano Hugo Chávez, o atual presidente da Venezuela enfrenta, desde os últimos dias do seu mentor político, a cizânia que se instalou no poder central do país da América Latina. E agora sofre as consequências de um governo legitimado às pressas e na marra.
Quando assumiu a presidência da Venezuela, Nicolás Maduro era um fantoche político de Chávez, que disse ser o seu indicado a vice a garantia da continuidade do processo que vem corroendo o país nos últimos anos. Maduro foi empossado sem ter sido eleito e, ainda mais, sem que Hugo Chávez tivesse tomado oficialmente depois de reeleito. O caudilho bolivariano estava morto em Havana, quando o impasse jurídico surgiu.
Um remendo legal, costurado por aliados de Chávez, garantiu a Maduro a chegada ao poder, mas sua permanência no comando da Venezuela passou a sofrer ataques de todos os lados, em especial dos supostos aliados. No momento em que o cargo de presidente ficou vago, o correto, de acordo com a Constituição venezuelana, era o então presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello ter assumido o poder e na sequência ter convocado nova eleição presidencial.
Sem ter a certeza de que Maduro venceria as eleições, os apoiadores de primeira hora de Hugo Chávez decidiram garantir a posse de Maduro, o que contrariou Cabello, também interessado no cargo. Acontece que até hoje os familiares de Hugo Chávez continuam dando ordens, mas a situação não é tão plena como antes.
Nicolás Maduro tem reagido com excesso de violência aos protestos dos últimos dias, além de falar repetidas vezes que é preciso conter os fascistas que ameaçam a democracia (sic) venezuelana. Acontece que Maduro é vítima do chamado fogo amigo, pois seus aliados têm encontrado dificuldades para conquistar os respectivos quinhões. O que vem fazendo com que setores do chavismo saiam às ruas para protestar.
A oposição venezuelana, cada vez mais sufocada, aproveitou e pegou carona no movimento, dando a entender que é chegado o momento da mudança. A grande questão na seara de Nicolás Maduro é que o crime organizado está infiltrado no Palácio Miraflores, disputando setores ilegais como o tráfico de drogas e o contrabando de minérios. Muito antes da última internação de Hugo Chávez, em Cuba, o serviço de inteligência norte-americano já monitorava esse movimento criminoso.
Como se não bastasse, Maduro está sendo minado pelos agentes cubanos que atuam de forma deliberada no país, em especial no Palácio Miraflores, onde dão ordens e decidem assuntos estratégicos. A rebelião que tomou conta das ruas de Caracas resulta do conluio entre os supostos aliados de Nicolás Maduro e os agentes da ditadura facinorosa dos irmãos Castro.
É preciso considerar que uma eventual queda de Maduro tem tudo para se transformar em rastilho de pólvora, incendiando todos os governos socialistas da América Latina. O que explica o silêncio do governo brasileiro em relação ao assunto. O Palácio do Planalto vem acompanhando atentamente a instabilidade política que toma conta da Venezuela, mas tem orientado os assessores do governo a evitar comentários. Fora isso, o silêncio da grande imprensa diante do caos na Venezuela tem sido negociado a preços caríssimos.