Ditadura bolivariana – Líder da oposição venezuelana e acusado de ser o pivô da crise política que se instalou no país sul-americano, Leopoldo López permanecerá preso por pelo menos 45 dias, em centro de detenção nos arredores de Caracas, enquanto aguarda julgamento.
Acusado pelo governo do ditador Nicolás Maduro de ser o responsável pela onda de violência ocorrida durante os protestos, que deixaram seis mortos em uma semana, López será julgado por instigação à delinquência, associação para delinquir e danos à propriedade pública.
Preso desde a última terça-feira (18), Leopoldo López se livrou das acusações de homicídio e terrorismo, mas o Ministério Público pediu pena de dez anos de prisão. A defesa do oposicionista alega que seu cliente é vítima de perseguição política. Ela apelará nos próximos dias contra a prisão preventiva e, em caso de insucesso, não descarta ir a instâncias internacionais.
“Ele vai responder e vai para uma prisão. Assim eu fiz e assim vou fazer com todos os fascistas, onde quer que estejam”, disse Maduro na madrugada desta quinta-feira, em discurso em rede nacional.
Na noite de quarta-feira (19), cerca de cem manifestantes se reuniram em frente ao tribunal onde López deveria comparecer para ouvir as acusações. A segurança no entorno do Palácio da Justiça foi reforçada e as ruas que levavam ao prédio foram bloqueadas.
No entanto, segundo o partido do opositor afirmou em sua conta no Twitter, a audiência foi transferida para uma prisão militar. Um dos advogados de López, Juan Carlos Gutierrez, disse que a decisão de mudar o local foi tomada de maneira ilegal por uma corte com a justificativa de proteger a vida do opositor.
A polícia venezuelana teve de usar gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes em Caracas. Além da libertação de López, os protestos pressionam o governo de Maduro por conta do aumento da violência, a escassez de bens de consumo e a escalada da inflação.
Obama pede diálogo
A crise na capital venezuelana atingiu seu momento mais crítico na tarde de terça-feira, quando López, atual líder do partido oposicionista Vontade Popular, decidiu se entregar à polícia numa marcha que reuniu dezenas de milhares de pessoas.
De acordo com advogados da oposição, pelo menos 170 pessoas foram detidas em todo o país desde o início dos protestos, há cerca de 20 dias. Ainda segundo a oposição, também foram registradas denúncias de tortura entre os detidos.
O presidente dos EUA, Barack Obama, juntou-se a outros líderes mundiais e condenou a violência na Venezuela, pedindo que Maduro liberte os detidos e dialogue com a oposição.
Obama rejeitou as acusações de Maduro de que os Estados Unidos estariam envolvidos na organização das manifestações com o objetivo de dar um golpe de Estado. A Venezuela expulsou três funcionários da embaixada americana por supostamente recrutarem estudantes para participar de atos de violência.
“O governo deveria concentrar-se no atendimento das reivindicações legítimas do povo venezuelano”, disse Obama durante visita ao México. “Fazemos um chamado ao governo venezuelano para que liberte os manifestantes que foram detidos e inicie um diálogo verdadeiro.” (Com agências internacionais)