Olhar celestial – A Agência Espacial Europeia, ESA, comemora o início de “uma nova era na observação terrestre” com a chegada ao espaço do satélite Sentinel-1A. Nesta sexta-feira (4), a agência informou que o equipamento está posicionado, abriu sua antena e asas solares depois de uma rotina coreografada que durou dez horas. O satélite foi lançado na noite de quinta-feira (3) na base espacial europeia localizada na Guiana Francesa.
“Estamos agora muito ansiosos para o fim do processo e a fase inicial de órbita, planejada para o próximo domingo para, então, começar as operações com o satélite”, disse Ramón Torres, gerente do projeto na ESA.
O Sentinel-1A é o primeiro satélite de alta tecnologia do programa Copernicus, desenvolvido para monitorar as mudanças climáticas, catástrofes ambientais e auxiliar em operações de resgate. As informações recolhidas poderão, no futuro, ajudar em operações de busca, como a em curso para localizar o Boeing 777 da Malaysia Airlines, desaparecido desde o dia 8 de março.
O aparelho é equipado com um radar especial que registra alterações na superfície do planeta mesmo se o céu estiver encoberto ou escuro. Os dados coletados pelo Sentinel -1A ajudam a seguir os impactos das mudanças climáticas, além de permitir um acompanhamento mais preciso sobre a camada de gelo nos oceanos.
O equipamento pesa cerca de 2,2 toneladas, possui uma antena de 12 metros de comprimento, além de dois painéis solares de 10 metros de comprimento. Ele orbita ao redor da Terra a uma distância de 693 quilômetros.
Outros satélites serão lançados pelo programa Copernicus. Em 2015, o Sentinel-1B deve se juntar ao 1A. Juntos, eles podem recolher informações sobre todo o planeta em menos de uma semana.
“Os Sentinels podem cobrir cada lugar do planeta dentro de três a seis dias. O satélite pode ver com seu radar se um navio está jogando óleo no mar ou se houve algum acidente com petróleo”, afirma o diretor do programa de observação da Terra da ESA, Volker Liebig.
Mapeando o planeta
Após o satélite de observação Envisat ter perdido o contato com a Terra em 2012, o lançamento do programa Copernicus passou a ser prioritário para a ESA. O Envisat também enviava esse tipo de informação, porém precisava de mais tempo para percorrer todo o planeta.
“O Envisat demorava mais tempo. As imagens para o auxílio na gestão de desastres ou encontrar um avião precisam ser as mais recentes possíveis”, diz Liebig.
Todo o programa Copernicus deve ser implantado até 2020 e está orçado em 8,4 bilhões de euros. Ele é tido como o projeto mais ambicioso de observação da Terra. Seu objetivo é fornecer dados que possam ajudar no desenvolvimento de uma legislação ambiental ou durante emergências, como desastres naturais ou crises humanitárias.
“Os Sentinels vão manter um olhar atento sobre nosso planeta”, afirma Thomas Reiter, diretor de operações da ESA. Outros satélites programados da série são o Sentinel-2, que enviará dados sobre florestas e agricultura, o Sentinel-3, que ficará de olho nos oceanos e superfície do planeta, além dos Sentinels 4 e 5, que vão monitorar a composição atmosférica para entender os mecanismos de gases do efeito estufa.
As imagens geradas pelo programa serão disponibilizadas gratuitamente para governos, organizações ambientais, instituições e empresas. Até a próxima década, outros 17 lançamentos devem ocorrer pelo Copernicus. (Com agências internacionais)