ONU afirma que “Estado Islâmico” comete crimes estarrecedores no Iraque

estado_islamico_14Crime continuado – Jihadistas do grupo “Estado Islâmico” (EI) estão provocando “estarrecedoras” violações dos direitos humanos no Iraque, que podem ser classificadas como crimes de guerra e, como tais, precisam ser julgadas, afirmou a Organização das Nações Unidas nesta quinta-feira (2).

Segundo relatório da ONU, os extremistas estão fazendo crianças de soldados, realizando execuções em massa e expondo mulheres e crianças à escravidão sexual e violência psicológica. O texto cita também a destruição cultural e profanação religiosa provocada pelos radicais. Entre as minorias perseguidas estão cristãos, curdos, xiitas, yazidis, shabaks e turcomenos.

“A série de violações e abusos cometidos pelo ‘Estado Islâmico’ e grupos armados associados é estarrecedora, e muitos desses atos devem ser contados como crimes de guerra ou crimes contra a humanidade”, afirmou o alto comissário para Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra’ad al Hussein, por meio de uma nota.

Ele pediu ao governo em Bagdá que passe a fazer parte do Tribunal Criminal Internacional, ressaltando que a corte em Haia foi criada exatamente para julgar casos de abusos em massa e que visem atingir civis diretamente, com base em seus grupos étnicos e religiosos.

As Nações Unidas expressaram ainda preocupação com ataques aéreos realizados pelo governo iraquiano e que causaram um “significante número de civis mortos” ao atingir não apenas alvos militares, mas também povoados, uma escola e hospitais, violando leis internacionais.

Mortos e refugiados

Pelo menos 9.347 civis morreram e mais de 17 mil ficaram feridos em confrontos no Iraque este ano, tendo mais da metade dos casos ocorrido desde que os jihadistas assumiram o controle de grandes partes do norte do Iraque no começo de junho.

O governo turco divulgou que o país já recebeu cerca de 1,3 milhão de refugiados da guerra civil na Síria. De acordo com a ONU, outros 1,8 milhão, em sua maioria refugiados iraquianos, estão à procura de abrigo na região autônoma curda no norte do Iraque.

Com 29 páginas, o relatório foi elaborado com base em 500 entrevistas com testemunhas e cobre o período de 6 de julho a 10 de setembro. De acordo com o documento, em um único dia, 12 de junho, cerca de 1,5 mil soldados iraquianos e agentes de segurança da antiga base militar americana de Camp Speicher, na província de Salauddin, foram capturados e mortos por combatentes do EI.

Em outro episódio relatado pela ONU, entre 450 e 500 mulheres e garotas foram levadas pelo EI para Tal Afar, na região de Nineveh, onde 150 “mulheres e meninas solteiras, predominantemente das comunidades yazidis e cristãs e foram transportadas para a Síria, ou para serem dadas a combatentes jihadistas como recompensa ou vendidas como escravas sexuais”.

Confrontos continuam

Os extremistas do “Estado Islâmico” continuaram as ações militares em Ain al-Arab, cidade próxima à fronteira entre a Síria e a Turquia, nesta quinta-feira, apesar de a coalizão ter intensificado os ataques aéreos nos últimos dias e de alegar que os extremistas estariam enfraquecidos nesta região. Combatentes curdos, apoiados pela aliança militar liderada pelos EUA, travam intensas batalhas a fim de evitar que a cidade, também chamada de Kobane, caia nas mãos dos jihadistas.

“Há um temor real de que o EI possa avançar na cidade de Kobane muito brevemente”, alertou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma ONG baseada em Londres. Segundo a organização, os aliados liderados pelos EUA realizaram novos ataques nas áreas tomadas pelos jihadistas durante a noite.

O Comando Central dos EUA informou que a coalizão já realizou pelo menos sete ataques em alvos do EI nos arredores de Kobane nos últimos cinco dias. (Com agências internacionais)

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