Resultado esperado – O Comitê de Inteligência do Senado dos Estados Unidos divulgou nesta terça-feira (9) relatório de 500 páginas sobre o polêmico programa de interrogatórios executado pela Agência Central de Inteligência (CIA) na Europa e na Ásia após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
O documento, que resume as 6.300 páginas do relatório original, indica que os métodos utilizados durante a presidência de George W. Bush equivalem à tortura, foram “ineficazes” e que com eles não foram obtidas informações relevantes sobre ações terroristas na luta contra a Al Qaeda. Entre os principais métodos estão ameaças sexuais, simulações de afogamento (waterboarding), exposição a baixas temperaturas e privação de sono.
O texto traz graves acusações: a CIA teria enganado o governo e a opinião pública sobre o sucesso do programa. Segundo o Senado, a CIA usou táticas de interrogatório que foram “brutais e muito piores” do que havia admitido. Além disso, a agência teria utilizado argumentos “imprecisos” para conquistar o apoio da Casa Branca e do Congresso sobre a utilidade do programa secreto.
Para Obama, relatório é “perturbador”
O presidente dos EUA, Barack Obama, classificou o relatório como “perturbador”. “Isso reforça a minha opinião de longa data de que estes métodos não apenas eram inconsistentes com os valores da nossa nação, como também não serviram para os nossos esforços de contraterrorismo ou nossos interesses de segurança nacional”, afirmou.
Ele disse ainda que as técnicas de interrogatório “causaram danos significativos para a posição dos EUA no mundo e tornaram mais difícil perseguir os interesses com aliados e parceiros”. Obama apelou para que tais técnicas nunca mais sejam usadas. “Espero que o relatório de hoje possa nos ajudar a deixar estas técnicas onde elas pertencem: no passado”, concluiu o presidente democrata.
O líder republicano do Senado dos EUA e principal membro do partido no Comitê de Inteligência no Senado, Mitch McConnell, insistiu que os métodos de interrogatório adotados pela CIA ajudaram a capturar terroristas importantes e a derrubar Osama bin Laden. “Reivindicações incluídas neste relatório que afirmam o contrário são simplesmente erradas”, afirmou.
O diretor da CIA, John Brennan, admitiu que erros foram cometidos, mas disse que um relatório interno da agência mostrou que métodos violentos de interrogatório produziram, sim, informações relevantes para impedir planos de ataques, capturar terroristas e salvar vidas. (Com agências internacionais)