Após pito palaciano, ministro dos Transportes nega que obras estejam paralisadas

antonioc_rodrigues_02Saia justa – Suplente da senadora Marta Suplicy, que deixou o PT no vácuo de duras críticas ao governo da “ex-companheira” Dilma, o ministro Antonio Carlos Rodrigues, dos Transportes, já se amoldou à dissimulação oficial, sempre acionada quando o Palácio do Planalto encontra-se de dificuldades.

Na manhã desta quarta-feira (29), durante audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, Rodrigues não pensou duas vezes ao afirmar que muitas obras no País foram paralisadas por falta de recursos, sem previsão de retomada.

“Estou acabando de pagar ainda dezembro e iniciando janeiro. Então, vai haver várias reclamações dos senhores sobre paralisação de obras. Parou, sim! Eu não vim aqui, não há cortina de fumaça, eu não posso esconder o que está acontecendo no Ministério. Tudo que aconteceu e que está acontecendo no Brasil afetou muito o meu setor de transporte”, afirmou o ministro aos senadores presentes à audiência.

O ministro disse que tem recebido ligações e visitas de empreiteiros cobrando os pagamentos e ameaçando paralisar empreendimentos. De acordo com Antonio Carlos Rodrigues, os recursos disponibilizados pelo governo são insuficientes para saldar todos os compromissos. “Assusta receber um telefonema falando: Ou você me paga hoje – e eu não tenho – ou vai parar a obra tal”, disse relatou o ministro.

“Os telefonemas que eu recebo e as visitas que eu estou recebendo nesse período de quatro meses… é apenas reclamação por falta de dinheiro e a falta de estabilidade que estamos tendo, não sabendo o que vou ter pela frente”, completou.

Não demorou muito tempo para o ministro mudar o discurso, possivelmente porque alguma carraspana oficial chegou ao seu celular. Ao deixar a audiência na comissão do Senado, o ministro foi questionado pelos jornalistas sobre a paralisação das obras e caiu em contradição.

“Não tem obra parada nenhuma. Vocês estão levando para outro lado. As obras estão todas em andamento e nós vamos ter recursos até o final de maio e vamos dar continuidade a todas as obras sim. Só que eu vou ter obras prioritárias”, afirmou o desconfortável ministro.

De acordo com o titular dos Transportes, as obras vinculadas à pasta terão seus respectivos cronogramas readequados, o que, segundo ele, não provocará atrasos. “Não vai atrasar, eu vou adequar um cronograma novo. Vocês estão pondo o atrasar na minha boca. Eu vou adequar”, emendou.

Entre as obras paralisadas, segundo informações disponibilizadas pela a Agência Senado, estão as da rodovia BR-153 no trecho entre Anápolis (GO) e Aliança do Tocantins (TO). Investigada pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato, a construtora Galvão Engenharia continua aguardando empréstimo inicial do BNDES, de aproximadamente R$ 400 milhões, mas já demitiu perto de 400 trabalhadores.

Durante sua fala, diante dos senadores, Antonio Carlos Rodrigues declarou que aguarda a liberação por parte do governo de R$ 13,6 bilhões para dar seguimento aos projetos, sendo R$ 5,8 bilhões para obras de manutenção, R$ 3,9 bilhões para construção, R$ 2,2 bilhões para o ferroviário, R$ 100 milhões para o aquaviário e R$ 1,6 bilhão para concessões, estudos e projetos em rodovias.

O mais novo imbróglio envolvendo o governo do PT mostra que Dilma Rousseff, a presidente, está perdida e não sabe como desatar o apertado nó em que se transformou a grave crise econômica que chacoalha o País em todos os seus quadrantes. Tivesse o Brasil adotado o modelo clássico do impeachment, em que o governante é apeado do cargo pelo simples fato de não mais contar com a confiança da população, Dilma há muito teria sido despejada do Palácio do Planalto.

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