Lava-Jato: suspeito de chantagem a fornecedores, Cunha tem gabinete vasculhado por investigadores

eduardo_cunha_22Cerco fechado – Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator dos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, Teori Zavascki autorizou a ida de um oficial de Justiça ao gabinete do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para apreender um documento que pode trazer novos indícios de que o parlamentar foi beneficiado com recursos desviados da Petrobras. A busca faz parte das diligências pedidas pela Procuradoria-Geral da República contra o peemedebista.

Um oficial de Justiça foi destacado na segunda-feira (4) para cumprir o pedido no gabinete do presidente da Câmara, após pedido de extensão de prazo para a investigação feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot Monteiro de Barros. A assessoria da presidência da Casa negou que um oficial de Justiça tenha estado no gabinete para cumprir a ordem de apreensão.

O foco da busca era o registro em documentos eletrônicos que comprova ter ocorrido no gabinete do presidente da Câmara a elaboração de requerimentos de informação contra empresas acusadas de pagar propina no esquema da Petrobras ao PMDB. O Ministério Público Federal apura a participação de Cunha como mentor de dois requerimentos que posteriormente foram protocolados em comissões da Câmara por aliados políticos do deputado. Cunha nega qualquer relação com o Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história.

Ambos os requerimentos foram apresentados na Câmara em 2011 e, oficialmente, são de autoria da ex-deputada federal Solange Almeida (PMDB-RJ). Solange é a atual prefeita da cidade de Rio Bonito (RJ). Investigadores acreditam que as representações tenham sido arquitetadas por Eduardo Cunha, com base em depoimento do doleiro Alberto Youssef.

De acordo com Youssef, o presidente da Câmara dos Deputados seria um dos beneficiários das propinas vindas do esquema envolvendo contrato de aluguel de um navio-plataforma das empresas Samsung e Mitsui. Cunha teria encomendado aos aliados os dois pedidos de auditoria nos contratos entre Mitsui, Samsung e Petrobras como “ameaça” às empresas, após o pagamento de propina ter sido suspenso.

Solange Almeida afirmou à Polícia Federal que “não se lembra” das motivações que a fizeram assinar os requerimentos apresentados à comissão. Ela ressaltou que o tema do requerimento envolvendo a Petrobras “não se inseria em suas pautas de atuação parlamentar” e que se dedicava mais a temas como saúde pública.

A prefeita de Rio Bonito também negou que Eduardo Cunha tenha pedido para que ela formulasse o requerimento sobre a Petrobras e disse não se recordar de que o parlamentar tenha falado com algum outro congressista sobre a elaboração do documento. (Por Danielle Cabral Távora)

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