FMI não descarta saída da Grécia da zona do euro; risco de calote permanece

christine_lagarde_04Bomba-relógio– A saída da Grécia da zona do euro é uma possibilidade, afirmou a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em entrevista ao jornal alemão “Frankfurter Allgemeine Zeitung” nesta quinta-feira (28). No caso de isso ocorrer, a saída da Grécia não significaria o fim da moeda única europeia.

“A saída da Grécia [da zona do euro] é uma possibilidade”, declarou Lagarde ao diário alemão. De acordo com a chefe do FMI, tal cenário não seria “um passeio no parque” para a zona da moeda única, mas “provavelmente não seria o fim para o euro”.

Christine Lagarde também desmentiu a afirmação de Atenas de que um acordo com os credores gregos seria iminente. “É muito improvável que chegaremos a uma solução abrangente nos próximos dias”, disse. Segundo Lagarde, ainda há muito trabalho a ser feito e o FMI não está disposto a disponibilizar mais recursos sem um compromisso claro de reforma em Atenas.

“Nós temos regras, temos princípios. Não haverá uma avaliação mal feita do programa [de reformas]”, garantiu Lagarde.

Na quarta-feira (27), Atenas tinha anunciado que estava perto de um acordo de empréstimos com os seus credores. Nesta quinta-feira, um porta-voz do governo grego disse que Atenas espera fechar um acordo até o domingo.

Dura realidade

Quando concorreu ao governo da Grécia, o primeiro-ministro Alexis Tsipras abusou da receita que mesclava discurso oportunista com solucionática esquerdista, ciente de que nada do que estava prometendo seria viável. Para Tsipras o importante era chegar ao poder, deixando para depois a enxurrada de problemas que surgiriam no rastro de uma campanha radical e ufanista, como se problemas dessa ordem pudessem ser resolvidos com balelas.

O grande erro da Grécia, assim como outros países-membros da União Europeia, foi aderir à zona do euro no escuro, sem levar em conta que o projeto nivelava por cima culturas e realidades econômico-monetárias distintas. Como quem estava em cima não aceitava cair, que estava em baixo foi alçado a uma condição insustentável.

A débâcle de algumas nações era questão de tempo, algo conhecido desde a assinatura do Tratado de Maastricht, em 7 de fevereiro de 1992, que deu origem à União Europeia. Agora, Tsipras terá de solucionar o problema que se agiganta ou dar uma boa desculpa aos seus eleitores. Alegar que a culpa pela derrocada grega é do capitalismo é discurso com prazo de validade vencido.

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