Lava-Jato: delação premiada de Ricardo Hoffmann, primo de Gleisi, causa pânico entre publicitários

ricardo_hoffmann_03Efeito dominó – O publicitário Ricardo Hoffmann, primo da senadora Gleisi Helena Hoffmann, do PT do Paraná, negocia um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava-Jato e por conta disso está alvoraçando os meios políticos e assustando o mercado publicitário. Pelo menos 20 produtoras de cinema que atuam no mercado de comunicação no País estão sob investigação da Lava-Jato. Os investigadores querem que os donos ou executivos das empresas colaborem na identificação de novos núcleos de corrupção envolvendo agências de publicidade, órgãos públicos federais e agentes políticos.

Hoffmann é gaúcho, mas fez carreira no Paraná, onde esteve ligado a alguns dos políticos mais importantes do estado. Além de primo de Gleisi (investigada pelo Ministério Público por embolsar R$ 1 milhão no caixa 2), foi uma espécie de sócio informal do ex-deputado federal André Vargas (ex-PT), preso na esteira da Operação Lava-Jato por associação com o doleiro Alberto Youssef.

Ricardo Hoffmann também comandou duas campanhas vitoriosas do senador Roberto Requião ao governo do Paraná e, segundo cometa-se, tinha papel importante no governo do peemedebista.

A investigação do Ministério Público sobre as produtoras começou em abril, após as prisões do publicitário Ricardo Hoffmann e de André Vargas. Ambos são acusados de envolvimento em fraudes relacionadas a contratos de publicidade do Ministério da Saúde e da Caixa Econômica Federal com a agência de publicidade Borghi/Lowe.

Executivo da Borghi/Lowe, Hoffmann subcontratou produtoras e determinou os repasses dos valores de comissões – os chamados bônus de volume de produção (BV) – a empresas ligadas a Vargas e seus irmãos: a Limiar Consultoria e Assessoria em Comunicação e a LSI Soluções em Serviços Empresariais. Esses bônus são taxas de 10%, comuns no mercado publicitário, que costumam ser devolvidas à agência contratante. Contudo, no caso em questão, as comissões eram desviadas para outras empresas. Na fase inicial, seis produtoras subcontratadas pela Borghi Lowe foram investigadas, mas o número já aumentou.

De acordo com o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa do Ministério Público Federal, as produtoras podem ajudar a confirmar que os bônus de produção eram usados como método de lavagem de dinheiro para pagamento de propina. “Nós queremos confirmar esta tipologia e acreditamos que o melhor caminho seria com o apoio das produtoras usadas pelas agências de publicidade com estes desvios de recursos. Nós estamos trabalhando neste elo que é mais fraco da corrente, que são as produtoras, incentivando elas virem espontaneamente conversa conosco sobre fatos semelhantes ocorridos”, disse.

Para o procurador, é provável que o modelo de lavagem de dinheiro e pagamento de propina envolva outros núcleos de corrupção. “Não é de se supor que este esquema que foi localizado seja único. Nós queremos comprovar que esse esquema vai além da Caixa Econômica, da agência Borghi Lowe e do próprio político André Vargas. Os elos aqui, são as produtoras. Elas que são usadas para o pagamento então a análise destes pagamentos vai ser essencial para nós verificarmos se esses esquemas criminosos se repetem em outras esferas”, completou.

O grupo ao qual a agência Borghi Lowe está vinculada nos Estados Unidos se colocou à disposição dos investigadores, mas ainda não prestou informações às autoridades brasileiras.

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