
Questionada pelos jornalistas se a crise internacional não era apenas uma “marolinha”, termo utilizado por Lula, no final de 2008, para desenhar da crise global, Dilma respondeu de forma evasiva e nada conclusiva.
“Naquele momento, foi sim, senhor. Mas depois a marola se acumula e vira uma onda”, afirmou a petista, recordando a crise do banco Lehman Brothers, nos Estados Unidos, e a enorme turbulência que se instalou nas dívidas na Europa, iniciada em 2010. “Sabe por que ela vira onda? Porque o mar não serenou”, argumentou Dilma.
Entre o que Dilma Rousseff diz e a realidade dos fatos há uma vasta e profunda diferença. Até o momento, a equipe econômica do governo vem trabalhando apenas e tão somente para implementar o pacote de ajuste fiscal, que acirrará ainda mais a crise econômica que tira o sono de qualquer cidadão. A presidente, que disse ser preciso “derrubar, e derrubar logo” a inflação, por certo desconhece o pensamento dos executivos do Banco Central.
Nesta quinta-feira, o BC revisou novamente para cima projeção para os chamados “preços administrados” em 2015 – energia elétrica, combustíveis e transporte público – conforme mostra a ata do Comitê de Política Monetária (Copom). O mencionado conjunto de itens registrará elevação de 12,7% este ano, não mais de 11,8% como previsto na edição anterior. Em março passado, a ata do Copom previa alta de 10,7% dos “preços administrados”.
Com a nova projeção pode-se afirmar que a inflação oficial, medida pelo Índice de preços ao Consumidor Amplo (IPCA), será mais alta do que esperavam os palacianos ufanistas, que tentam “vender” aos brasileiros incautos a ideia de que o Brasil é o País de Alice, aquele das fabulosas maravilhas. Tanto é assim, que os especialistas do mercado financeiro, consultados pelo BC, projetaram que a taxa básica de juro, a Selic, chegará ao final deste ano na casa de 14%. A informação consta da última edição do Boletim Focus, divulgada na última segunda-feira (8).
Se há no Brasil uma marolinha que virou onda, quiçá tsunami, com certeza esse fenômeno ocorreu no oceano de incompetência que circunda o Palácio do Planalto. Afinal, durante o primeiro mandato, Dilma, assessorada pelo igualmente incompetente Guido Mantega, tentou emplacar ao menos duas dúzias de medidas de estímulo à economia, sem sucesso algum. O único setor que prosperou no País nesse período foi o do aparelhamento da máquina, movimento que ocorreu, como ainda ocorre, na esteira da criação de “cargos de confiança”.




