Ministros da União Europeia divergem sobre redistribuição de refugiados

refugiado_14Sem solução – Líderes da União Europeia (UE) não conseguiram chegar a um acordo, na terça-feira (16), sobre um plano de emergência para dividir entre todos os Estados-membros o fardo de milhares de refugiados que cruzam o Mar Mediterrâneo. Ao mesmo tempo, na cidade de Ventimiglia, na fronteira entre a Itália e a França (entre Sanremo e Monte Carlo), a tropa de choque da polícia italiana removeu à força dezenas de imigrantes.

Aproximadamente 100 mil migrantes já ingressaram na Europa em 2015. Cerca de duas mil pessoas morreram ou desapareceram durante a perigosa viagem pelo Mediterrâneo. Itália e Grécia são as portas de entrada para solo europeu, ao mesmo tempo em que são os países que mais recebem refugiados. Muitos são aguardados para o período entre junho e setembro, os meses mais quentes na Europa.

Em encontro em Luxemburgo, os ministros do Interior da UE discordaram sobre como 40 mil novos refugiados da Síria e da Eritreia, que chegarão à Itália e à Grécia, devem ser equitativamente distribuídos entre os 28 países-membros para aliviar a carga sobre os dois países do sul europeu.

“Estamos trabalhando para evitar a falência política da Europa”, disse o ministro do Interior da Itália, Angelino Alfano. Por outro lado, sob a condição de anonimato, um diplomata foi mais incisivo: “Muitos Estados são contra a alocação obrigatória.”

Segundo relatos, os ministros estão de acordo somente sobre a criação de centros de acolhimento em países diretamente afetados, Itália e Grécia, onde os migrantes podem ser registrados e identificados. A oposição a um plano de redistribuição veio principalmente de países do leste e do centro europeu, de acordo com diplomatas. Estima-se que apenas cerca de dez dos 28 países-membros da UE apoiem o plano – e mesmo estes querem mudanças na forma como a distribuição de refugiados é calculada.

O plano de emergência foi elaborado depois que 800 migrantes morreram afogados tentando chegar à Itália, em abril. Os líderes da UE irão discuti-lo ao se reunirem Bruxelas em 25 e 26 de junho. Já os ministros do Interior retomarão a questão no próximo encontro, em julho.

Refugiados removidos da fronteira franco-italiana

Na terça-feira, a polícia italiana removeu dezenas de imigrantes africanos de Ventimiglia, perto da fronteira com a França, que acamparam por dias na cidade na esperança de seguirem rumo ao norte da Europa. Alguns migrantes – a maioria do Sudão, da Somália e da Eritreia – tentaram resistir, enquanto o resto cooperou com a polícia e entrou pacificamente nos ônibus. Alguns fugiram em direção às rochas perto do mar.

“Estamos impotentes, sem esperança e à mercê da polícia”, disse Mustafari, do Sudão, acrescentando que já tentou chegar à Suécia de trem seis vezes, mas em todas as ocasiões a polícia francesa o forçou a voltar à Itália.

A maioria dos imigrantes em Ventimiglia havia sido enviada de volta à Itália pelas autoridades da França, na última sexta-feira (12). Eles então acamparam em Ventimiglia e seguem exigindo a autorização para seguir viagem.

“Somos seres humanos. Nãos somos animais”, disse Saddam, um sudanês que esteve presente na operação policial. “ Sei que somos negros e que viemos da África, mas ainda somos seres humanos.”

Em encontro separado em Luxemburgo, Alfano conversou com seus homólogos da França, Bernard Cazeneuve, e da Alemanha, Thomas de Maizière, sobre o incidente em Ventimiglia. O ministro do Interior francês negou que a França tenha fechado suas fronteiras.

Para Alfano, o incidente em Ventimiglia foi “ um soco no olho de todos aqueles que se recusam a ver [o problema migratório na Europa]” . (Com agências internacionais)

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