Pé na porta – Enquanto boa parte dos brasileiros insiste em assuntos com chances de reduzidas de prosperar – impeachment e intervenção militar –, parlamentares continuam tratando dos escândalos sob a égide dos interesses do governo, o que permite o alargamento do balcão de negócios.
Interessar-se pela política não é um ato isolado e pontual, mas permanente, o que exige de cada brasileiro atenção e dedicação redobrada. Isso porque política, no Brasil, é negócio, o que exige dinheiro de sobra.
Os escândalos de corrupção pululam aos quatro cantos, mas a sociedade prefere cobrar situações impossíveis em termos efetivos, enquanto a roubalheira e a conivência criminosa avançam de forma preocupante.
Alvo de polêmicas por causa da política externa da era petista, que por questões ideológicas foi marcada por uma vertente mais à esquerda, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vinha sendo duramente questionado por conta de empréstimos que podem ser rotulados como estranhos, mas da noite para o dia essa cobrança perdeu força.
A oposição se mobilizou no Senado Federal para criar a CPI do BNDES, mas o presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), continua evitando a criação da comissão que, em atividade, poderá esclarecer muitos fatos obscuros na seara do banco oficial de fomento. A postura de Calheiros em relação à CPI do BNDES vem sendo cobrado de maneira insistente nos bastidores, mas nada acontece, apesar dos protestos dos senadores oposicionistas.
Situando idêntica ocorre em relação à CPI dos Fundos de Pensão, que continua no papel por desejo de Renan Calheiros, acusado recentemente de receber R$ 30 milhões em propina de um esquema criminoso que se instalou no Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios. Outro fundo de pensão que está na mira da investigação da Polícia Federal é o Petros, dos funcionários da Petrobras, empresa que foi alvejada pelo Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história.
Como já noticiou o UCHO.INFO, a situação de destacados parlamentares deve piorar sobremaneira quando a PF alçar à mira o Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas. O Real Grandeza entrou como moeda de troca do governo nas negociações com o PMDB, que desde a chegada de Lula ao Palácio do Planalto vem comandando o quinto maior fundo de pensão do País.
Esse cenário mostra que os brasileiros não podem esmorecer diante da pasmaceira de conveniência que domina o Congresso Nacional, pois muitos escândalos deixam de ser elucidados porque políticos estão no radar do banditismo. Em suma, o negócio [e cobrar cada vez mais o senador Renan Calheiros, que não pode barrar a criação das duas importantes CPIs.