Tiro ao alvo – O governo petista de Dilma Rousseff tentou negociar nos bastidores a feitura de enorme “pizza” na CPI dos Fundos de Pensão, que tramita na Câmara dos Deputados, mas a incursão palaciana parece que não surtiu efeito. Integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito, que investiga a gestão de fundos de previdência complementar de funcionários de estatais e servidores públicos, aprovaram nesta quinta-feira (3) a convocação, na condição de testemunhas, de José Dirceu de Oliveira e Silva, ex-ministro da Casa Civil; Gerson de Mello Almada, ex-vice-presidente da Engevix; e dos irmãos Milton e José Adolfo Pascowitch, acusados de serem os operadores da empreiteira no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história, que sangrou os cofres da Petrobras. O quarteto é alvo da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
No vácuo dos requerimentos aprovados por consenso em sessão da CPI, os parlamentares também referendaram convites a outras pessoas, como Carlos Alberto de Paulo, diretor-superintendente da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), para “prestar esclarecimentos acerca da dilapidação do patrimônio de grandes fundações patrocinadas por empresas estatais”; Julia Damazio de Barroso Franco, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM); e João Carlos Ferraz, o ex-presidente da empresa Sete Brasil.
No rol dos fundos investigados pela CPI estão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Postalis (Correios) e Funcef (Caixa Econômica Federal).
O grande enigma que paira sobre a CPI dos Fundos de Pensão é a não inclusão da Fundação Real Grandeza, fundo de previdência dos funcionários de Furnas Centrais Elétricas, empresa que integra o sistema Eletrobras, no rol de investigados pela Comissão. Há muito que UCHO.INFO vem insistindo no tema, pois poucos sabem que uma eventual inclusão da Real Grandeza na mira CPI causaria uma revolução em alguns partidos políticos, começando pelo PMDB. Segundo apurou a reportagem do site, uma manobra de bastidor, comandada por um cacique peemedebista, teria evitado o pior, pelo menos por enquanto.
Em relação à convocação de José Dirceu, mesmo que como testemunha, a situação desagrada o Palácio do Planalto, que não mais suporta gerenciar a enxurrada de escândalos e crises que chacoalham o governo. Preso na Operação Lava-Jato e indiciado pela Polícia Federal em vários crimes, Dirceu tem se mantido calado em seus depoimentos, mas essa mudez de ocasião não passa de um contundente recado ao governo e à cúpula do Partido dos Trabalhadores, que o abandonaram desde a condenação na Ação Penal 470 (Mensalão do PT).
A grande surpresa que poderá surgir no rastro da CPI é uma viagem ao passado, onde os fundos de pensão fizeram a alegria de muitos esquerdistas que há muito chafurdam na lama do poder. Por outro lado, uma investigação mais profunda por parte da CPI dos Fundos de Pensão poderia levar a escândalos recente que acabaram abafados por interesse variados e pressão política. Um dos exemplos desses escândalos é aquele investigado pela Operação Satiagraha, da PF, que levou para a prisão algumas figuras até então intocáveis. Isso permitiria ressuscitar não apenas a própria Satiagraha, mas também e principalmente a CPMI dos Correios. Afinal, ao menos duas empresas de telefonia celular abasteceram os cofres do Mensalão do PT, operações que foram viabilizadas através das agências de publicidade de Marcos Valério Fernandes de Souza.
Outrossim, uma devassa nos fundos de pensão das estatais levaria a um assunto que o PT ainda luta para que não seja violado, mas que foi mencionado durante a CPMI dos Correios. A atuação do “companheiro” Luiz Gushiken, já falecido, junto aos fundos de pensão e sua bisonha interlocução com um banqueiro oportunista, especialista em ficar dependurado nesse tipo de negócio e cujo nome o site e seu editor estão proibidos de citar por ordem judicial arbitrária.