Recado dado – Ex-ministro da Fazenda e atualmente à frente da consultoria “Tendências”, Maílson Ferreira da Nóbrega prevê que o Brasil precisará de muito tempo para recuperar o grau de investimento, rebaixado na última quarta-feira (9) pela agência de classificação de riscos Standard & Poor’s (S&P).
Na opinião de Maílson, a partir de agora o principal e maior desafio do ministro Joaquim Levy (Fazenda) é evitar novos rebaixamentos. O ex-ministro deu a declaração nesta sexta-feira (11), durante evento no centro da capital paulista.
‘Eu acho que o Brasil só recupera o grau de investimento daqui a uns dez anos. O governo tem a ilusão, e talvez o ministro (Joaquim) Levy tenha também, de que, se houver reformas, o grau será restaurado rapidamente. Mas isso não vai acontecer. São raros os casos em que isso acontece. Em geral, os países levam de cinco a seis anos para restaurar o selo de bom pagador”, declarou.
Tanto é assim, que Levy, após a decisão da S&P, comentou o tema e aproveitou a oportunidade para mandar um recado às outras agências de classificação de riscos – Moody’s e Fitch Rating –, como se pedisse para ambas as instituições não acompanharem a primeira, que na opinião do titular da Fazenda se precipitou.
Na verdade, o rebaixamento do grau de investimento do Brasil já era esperado pela equipe econômica, mas o governo preferiu enganar a opinião pública, como se a verdade não viesse à tona em algum momento.
Ainda de acordo com Maílson, Levy só deve deixar o cargo se a sua reputação estiver em jogo. “Ele não está lá para ser figurante. E agora, com o rebaixamento da S&P, o ministro sai fortalecido, porque a crise econômica está ainda mais escancarada e ficou mais claro de que não há solução sem o ajuste fiscal”, afirmou, após palestra para membros da Ordem dos Economistas do Brasil. (Danielle Cabral Távora e Ucho Haddad)