Sob pressão – Nesta sexta-feira (2), ao anunciar a nova configuração da Esplanada dos Ministérios, a presidente Dilma Vana Rousseff afirmou que um dos objetivos da reforma ministerial, que cortou oito pastas – menos que o prometido –, foi ampliar a base do governo no Congresso Nacional e garantir “estabilidade política”.
“Essa reforma tem também o propósito de atualizar a base política do governo buscando uma maioria que amplie a nossa governabilidade. Ao alterar alguns dos dirigentes dos ministérios, nós estamos tornando a nossa coalizão de governo mais equilibrada, fortalecendo assim as relações com os partidos e com os parlamentares que nos dão sustentação política”, revelou a petista.
Dilma aproveitou seu discurso para rebater as críticas da oposição e ressaltou que a troca de cargos por apoio no Congresso era uma “ação legítima de um governo de coalizão”. “Trata-se de articulação política para construir um ambiente de diálogo, um ambiente de coesão parlamentar. Trata-se de uma articulação política que respeita os partidos que fizeram parte de uma coalizão que me elegeu e que tem direito e dever de governar comigo”, discursou.
Além das mudanças na equipe ministerial, a presidente anunciou também a criação de uma Comissão Permanente para a Reforma do Estado e uma série de medidas com o objetivo de enxugar a máquina de governo e reduzir gastos como parte da reforma administrativa. Entre os anúncios estão a redução nos salários de todos os ministros em 10% e o corte de 3 mil cargos comissionados.
De acordo com a petista, gastos de custeio e contratações do Executivo serão reduzidos em 20%. Será criada uma central de automóveis para otimizar o atendimento aos ministérios e haverá metas de gastos com água e energia, além de limites para uso de telefones, diárias e passagens aéreas. Também deixarão de existir 30 secretarias das pastas que continuarão com suas atividades. Também serão revistos contratos de aluguel, de tecnologia da informação e segurança.
Durante a cerimônia, Dilma anunciou os nomes que comporão o novo ministério. Como antecipado pelo UCHO.INFO, Jaques Wagner vai para a Casa Civil, Aloizio Mercadante para a Educação e Aldo Rebelo para a Defesa. Da cota do PMDB, os deputados Marcelo Castro (PI) e Celso Pansera (RJ) foram confirmados, respectivamente, na Saúde e na Ciência e Tecnologia. O ministro Helder Barbalho foi realocado da Pesca para a Secretaria dos Portos.
A Secretaria de Governo, que acaba de ser criada pela presidente, será dirigida por Ricardo Berzoini, que até então comandava o ministério das Comunicações que passará para as mãos do pedetista André Figueiredo.
A pasta que uniu Trabalho e Previdência ficará com Miguel Rossetto, petista histórico e pessoa de confiança da presidente da República, mas também ligado a Lula. Já o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos ficará sob a responsabilidade de Nilma Lino Gomes.
Enquanto a presidente aproveitou para disparar contra os críticos do seu desgoverno, a oposição não perdeu tempo e criticou a reforma ministerial, cujo objetivo primeiro, talvez o único, é tentar impedir um processo de impeachment contra a petista no Parlamento. O segundo objetivo da reforma, que não surtirá efeito em termos de redução de gastos, diz respeito À aprovação no Congresso do pacote de ajuste fiscal e o eventual retorno da CPMF.
Apesar da encenação que teve lugar no Palácio do Planalto, Dilma trocou o poder pelo cargo. Isso porque seu antecessor e criador, o lobista Lula, controla o chamado núcleo duro do governo, enquanto o PMDB, agora com sete ministérios, comanda as principais pastas. Em suma, Dilma é um fantoche de dois ventríloquos.