Duas décadas depois de criticar o Plano Real, Mantega pede ajuda aos tucanos para conter a inflação

Óleo de peroba – Luiz Inácio da Silva chegou ao poder central, em janeiro de 2003, não apenas na esteira do falso discurso da ética e da moralidade, mas também na condição de derradeira solução para o Brasil e o planeta. Um misto de deus da probidade com versão tupiniquim de Messias. Magnânimo, mas responsável pelo período mais corrupto da história brasileira, Lula de chofre travestiu sua incompetência com o termo “herança maldita”, que foi repetido à exaustão por seus obedientes seguidores como forma de criticar os dois governos do tucano Fernando Henrique Cardoso.

Desde então, assim tem sido o posicionamento do PT em relação ao PSDB, que para os atuais donos do poder é uma legenda que apenas desconstruiu o Brasil, quando a realidade é totalmente inversa.

O Brasil vive uma grave crise econômica que resulta da paralisia de um governo ufanista e da incompetência reconhecida do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que para se manter no cargo tem apelado à tropa de choque cibernética do partido, régia e douradamente para atacar os adversários na rede mundial de computadores. Mantega, que ainda está ministro, tem sido alvo de críticas de todos os setores, inclusive internacionais, por sua maneira frouxa de lidar com a economia e a incapacidade de domar a inflação.

Nesta quinta-feira (17), o governador Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo, informou que a passagem do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) sofrerá reajuste somente em abril, não em fevereiro, como de costume, a pedido do ministro da Fazenda, que tenta de todas as formas reduzir o impacto do aumento de preços no cálculo da inflação.

“Vamos avaliar a hipótese de não fazê-lo (o reajuste) no primeiro trimestre, para ajudar a segurar a inflação. Não tem ainda uma decisão tomada, mas vamos levar em consideração esse apelo do Ministério da Fazenda e vamos verificar para quando nós vamos transferir (a data)”, disse Alckmin.

O governo do PT está há dez anos no poder, mas insistem em brincar de governar ao ignorar o mais raso significado da palavra planejamento. Dilma Rousseff, que foi apresentada aos brasileiros como a “gerentona” linha dura, não teve, pelo menos até então, pulso firme para demitir Guido Mantega, que faz uma política econômica de remendos e que tem merecido críticas das principais publicações planetárias que tratam de economia. O fiasco é tamanho, que Dilma, que recentemente ousou ensinar os europeus a saírem da crise, recusou convite para participar do Fórum Econômico Mundial, como informamos em matéria anterior. Até porque, participar de um evento dessa natureza depois de a economia do País crescer 0,98% em 2012 seria o cúmulo da ousadia.

Incompetente conhecido e alvo de seguidas chacotas no mercado financeiro nacional, Guido Mantega é mais um dos amestrados que rezam pela cartilha obsoleta do socialismo barato e enganador que prega o PT. Em 1994, a mando do partido, Mantega, um economista de visão míope e conhecimento obtuso, criticou o Plano Real em artigo publicado no jornal “Folha de S. Paulo”.

À época, posando diante do computador como se fosse irmão gêmeo de Aladim, o agora ministro escreveu “Com esses artifícios os preços têm chance de apresentar alguma estabilidade por algum tempo, porque desfrutarão de um conjunto de custos estáveis, como salários, tarifas, matérias primas importadas, aluguéis e tudo o mais que foi congelado por até 12 meses, sem a aparência de estar congelado”.

Mais adiante, no artigo intitulado “As fantasias do real”, Guido Mantega escreveu: “Portanto, mais do que um plano eficiente e bem concebido, o real é um jogo de aparências, que pode durar enquanto não ficar evidente que as contas do governo não vão fechar por causa dos juros altos, que o mercado sozinho não é capaz de conter os preços dos oligopólios sem uma coordenação das expectativas por parte do governo, que os salários não manterão o poder aquisitivo por muito tempo, que o real não vale tanto quanto o dólar”.

Ao finalizar seu artigo, o atual responsável pela economia brasileira tentou se vender como profeta do apocalipse: “A questão é saber em quanto tempo o grosso da população irá perceber que uma inflação moderada por si só, acompanhada por um aperto monetário e recessão, não melhora sua situação, não cria empregos e, na ausência de uma lei salarial e correções automáticas, pode ser tão deletéria quanto uma inflação de 30% a 40% com indexação”.

Pois bem, se Lula e sua horda de seguidores conseguiram flanar nas alturas das pesquisas de opinião pública, isso só aconteceu porque o governo do PT manteve a política econômica adotada por Fernando Henrique Cardoso, que contou com o apoio corajoso do seu antecessor, Itamar Franco, que foi ousado e firme ao colocar em prática o Plano Real.

Agora, quase vinte anos depois e uma década pegando carona no Plano Real, Guido Mantega não apenas confirma sua incompetência, mas mostra aos brasileiros que a economia verde-loura descambou porque os donos do poder desconhecem as regras básicas de uma política econômica de longo prazo. Inexperientes e irritantemente soberbos, os atuais ocupantes do governo acreditam que a crise econômica pode ser resolvida em questão de semanas e com a adoção de medidas em setores que não têm problemas.

O governo da petista Dilma Rousseff insiste em reverter a crise apostando no consumo interno, enquanto as vendas no varejo estão em bom ritmo, apesar de perigoso. Não será com crédito fácil que a economia brasileira retomará a normalidade, muito menos com falta de investimentos estruturais em setores vitais.

A forma como os palacianos tratam a economia é tão absurda, que no Brasil a inflação sobe, o PIB despenca, o crédito é fácil, o consumo está aquecido, as taxas de juro caem, a inadimplência dispara, a indústria local agoniza e o país sofre um apagão de mão de obra qualificada. E essa turma ainda acredita ter a solução para tudo e ousa pensar em reeleição.

Francamente, o prazo de validade do Partido dos Trabalhadores expirou há muito tempo e somente as esmolas sociais o mantiveram no poder. A máscara caiu e a realidade está exposta para quem quiser ver e souber enxergar.