Israel anuncia novos alojamentos em plena campanha eleitoral e revolta palestinos

(Ahmad Gharabli - AFP)
(Ahmad Gharabli – AFP)
Pano para manga – O governo de Israel anunciou nesta sexta-feira (30) a construção de mais 450 alojamentos para seus colonos na Cisjordânia. A decisão, tomada em plena campanha eleitoral, irritou profundamente os dirigentes palestinos, que denunciam um “crime de guerra”.

As autoridades israelenses publicaram a licitação para ampliar colônias já existentes em quatro regiões da Cisjordânia: 156 em Elkana, 114 em Adam, 102 em Kiryat Arba e 78 em Alfei Menashe. As informações foram divulgadas pelo “Observatório Anticolonização Territorial Jerusalém” e a ONG Paz Agora.

Os líderes dessas organizações denunciam uma manobra eleitoreira do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para conquistar votos dos colonos, disputados também por partidos de direita.

As organizações anticolonização também temem que as ofertas de novos alojamentos em territórios ocupados possam aumentar com a aproximação das eleições legislativas antecipadas, que acontecem no dia 17 de março.

“Crimes de guerra”

A licitação é anunciada em um momento em que israelenses e palestinos vivem um clima de tensão agravada pelo pedido de adesão da Autoridade Palestina ao Tribunal Penal Internacional. Caso seja aprovada, a integração permitirá que dirigentes israelenses sejam julgados por crimes de guerra, como as agressões na Faixa de Gaza.

Ao tomar conhecimento da licitação para novos alojamentos, um dos dirigentes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Wassel Abou Youssef, declarou que “trata-se de um crime de guerra que deverá levar o Tribunal Penal Internacional a investigar a questão das colônias”.

O ministério israelense da Construção, dirigido por Uri Ariel, do partido ultranacionalista Lar Judeu, rejeitou qualquer vínculo com as eleições legislativas. Ele explicou que a licitação já havia sido lançada em 2014, mas por falta de resposta, foi relançada “automaticamente” pela administração.

Revés para os Estados Unidos

Além de exasperar os palestinos, a política de expansão das colônias judaicas na Cisjordânia é vista com um dos maiores obstáculos para a resolução do conflito israelo-palestino, inclusive pelos Estados Unidos, principal aliado de Israel.

A decisão pode esfriar ainda mais as relações entre Netanyahu e o presidente Barack Obama, visivelmente contrariado com o premiê israelense depois que ele aceitou um convite da oposição republicana para discursar no Congresso sobre o Irã.

Para a ONG Paz Agora, depois de criar um mal-estar para Obama ao aceitar discursar no Congresso, Benjamin Netanyahu impõe novo revés para os Estados Unidos. (Com RFI)

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