Jumentos, jornalistas e dinheiro provocam crise na prefeitura da capital baiana

Pimenta no acarajé – Duas polêmicas envolvem a prefeitura de Salvador nesta semana. A primeira é o conflito da administração municipal com a imprensa local, inclusive com a expulsão de repórteres do Palácio Thomé de Souza. O último entrevero aconteceu com a equipe da rádio “Tudo FM”, que nesta sexta-feira (7) foi convidada a se retirar da Praça Municipal, onde acontecia um evento promovido pela própria emissora.

A administração de João Henrique de Barradas Carneiro (PMDB) vive às turras com a mídia local por conta de uma série de fatores. Começa pela política partidária, que divide o governo estadual e a prefeitura. E termina com a crise financeira, que provocou cortes em pagamentos, inclusive dos contratos com os veículos de comunicação.

Carneiro conseguiu também cutucar os jornalistas ao demitir alguns profissionais da assessoria de comunicação no início do ano. Pelo menos três teriam sido eliminados da folha de pagamento.

A segunda polêmica envolve a prefeitura, ambientalistas e a Seção da Ordem dos Advogados do Brasil. O motivo da crise é a participação de jumentos e cavalos no cortejo que antecede a Lavagem do Bonfim. A OAB e as entidades protetoras querem proibir a participação desses animais na mais tradicional festa religiosa soteropolitana.

O jornalista Evilásio Júnior, do site “Bahia Notícias”, explica que a justificativa é que os animais são submetidos a grande estresse, esforço físico desmedido, sons estridentes, açoites e temperatura escaldante. Em 2010, a Justiça liberou a presença dos animais, com a condição de a prefeitura fiscalizar e punir as situações de maus-tratos. Desta vez, porém, os ambientalistas acreditam ter um trunfo.

O jornal “Correio da Bahia” publicou nesta sexta-feira que o documentário “Os Animais na Terra da Felicidade”, produzido a partir de filmagens da festa do ano passado, foi anexado ao processo junto com fotografias. As imagens exibem animais feridos, sem ferradura, excesso de peso em carroças abarrotadas, além de instrumentos musicais e caixas de som estridentes colocadas bem próximas aos bichos.