Políticos e cartolas perderam a chance de “usar” Ronaldinho Gaúcho em prol das vítimas do Rio

Miopia oficial – É ume temeridade imaginar que na cabeça de alguns políticos e de “cartolas” do futebol passe algo minimamente proveitoso. Ambos, “cartolas” e políticos, buscam diuturnamente cuidar dos interesses pessoais, sempre à margem da sociedade.

No momento em que o Rio de Janeiro sangrava a alma por conta dos mortos na Região Serrana (até as 8h00 desta quinta-feira eram 335 mortos), vítimas da força das chuvas e da impressionante avalanche de terra, o Flamengo, clube brasileiro de maior torcida, reuniu em sua sede, na Gávea, mais de vinte mil torcedores na apresentação do meia Ronaldinho Gaúcho, que depois de vexatório leilão vestirá a camisa rubro-negra.

No momento em que o ex-jogador do Milan adentrou ao local da festa, as vítimas de três importantes cidades fluminenses – Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo – foram literalmente esquecidas e desrespeitadas. Se aos cartolas faltou bom senso – se é que eles sabem do que se trata – aos políticos locais faltou o senso de oportunidade positivo. No rastro da tragédia que se abateu sobre o Rio de Janeiro, autoridades fizeram um apelo no meio da tarde de quarta-feira (12) para conseguir 300 bolsas de sangue que seriam enviadas para a área da catástrofe, onde muitas das vítimas foram submetidas a transfusão.

Se a festa para recepcionar Ronaldinho Gaúcho era de fato inevitável, dirigentes do Flamengo e autoridades estaduais deveriam ter chegado a um rápido entendimento, “cobrando” do torcedor um ingresso simbólico para ver de perto o novo camisa 10 do Flamengo. Doação de sangue ou produtos de primeira necessidade. Faltou tutano, sobrou vaidade.