Devassa na Funasa não passa de operação encomendada para inibir o apetite do PMDB por cargos

Chumbo trocado – A devassa na Fundação Nacional da Saúde (Funasa), vinculada ao Ministério da Saúde, que detectou o desvio de R$ 500 milhões, não surgiu por acaso. Sob o comando do PMDB desde 2005, a Funasa serviu como moeda de troca quando o então presidente Luiz Inácio da Silva precisou de apoio no Congresso para sair incólume da CPI dos Correios, que durante as investigações descobriu que o marqueteiro Duda Mendonça recebera do PT parte dos honorários pela campanha presidencial de 2002 em conta bancária aberta em um paraíso fiscal, em nome da empresa Düsseldorf. Na ocasião, parlamentares da oposição discutiram a possibilidade de pedir o impeachment de Lula, mas prevaleceu a insana tese da governabilidade, o que fez com que o petista transformasse o país no paraíso da corrupção.

Não é de hoje que a Funasa é alvo de falatórios dos mais diversos, sendo que na Esplanada dos Ministérios temas envolvendo a fundação correm como rastilho de pólvora. O staff do governo de Lula da Silva sempre teve conhecimento dos desmandos ocorridos na Funasa, mas preferiu fechar os olhos para as tantas evidências como forma de garantir a permanência do ex-metalúrgico no comando do País. O assunto jamais foi novidade inclusive para a presidente Dilma Rousseff, que agora exala ares de estupefação diante de uma repentina e encomendada operação para aquietar o PMDB, que ameaça com retaliações políticas a recusa do Palácio do Planalto em ampliar a participação da legenda no governo da neopetista.

Quando Dilma, antes da posse, tirou do PMDB o Ministério da Saúde, entregando-o ao companheiro Alexandre Padilha (ex-articulador político de Lula), ficou evidente que um contra-ataque palaciano estava sendo preparado para sufocar a intifada peemedebista que se anunciava.

Com a denúncia de que fortunas teriam sido desviadas dos cofres da Funasa, o governo Dilma não apenas empareda os caciques do PMDB, mas principalmente atrai os peemedebistas de segunda patente, muitos deles descontentes com a direção nacional do partido.

No afã de implantar no País uma ditadura civil, nos moldes da que o tiranete Hugo Chávez instalou na vizinha Venezuela, o PT palaciano se valerá de todas as ferramentas para enquadrar aliados e adversários, começando pelo sempre guloso PMDB. E uma dessas ferramentas é a Controladoria-Geral da União, que está como timoneira da devassa na Funasa. E os afoitos que se preparem, pois há muito mais ações do mesmo naipe para serem deflagradas.

E não foi por acaso que Dilma escolheu para a Secretaria de Relações Institucionais o deputado federal reeleito Luiz Sérgio Nóbrega (PT-RJ). Ex-líder do PT na Câmara dos Deputados, Luiz Sérgio é ligado ao maquiavélico José Dirceu de Oliveira e Silva, o Pedro Caroço. Mesmo com essa operação em andamento, Dilma Rousseff reuniu-se na última sexta-feira (14) com seus 37 ministros, a quem falou sobre ética, transparência e combate à corrupção.