Falastrão, Sérgio Cabral atrapalha operação policial que ocupou redutos do tráfico de drogas no Rio

Perderam o juízo – Longe dos holofotes desde que submergiu por conta da tragédia que se abateu sobre as cidades da serra fluminense, que ainda continuam contabilizando seus mortos, o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) voltou ao noticiário nos últimos dias. A sua aparição ganhou destaque no domingo (6) e se deveu à operação de tomada das favelas de Estácio, Catumbi e Santa Tereza, no centro da cidade do Rio de Janeiro.

Secretário de Segurança Pública do Rio, o delegado federal José Mariano Beltrame exaltou o sucesso da operação, que demorou menos de duas horas, por nenhum tiro ter sido disparado. A retomada das favelas contou com a participação de blindados das Forças Armadas, os mesmo que atuaram na operação policial que em novembro passado teve como cenário as favelas da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão.

O fato de nenhum tiro ter sido disparado durante a operação policial do domingo tem uma explicação. Na última sexta-feira (4), Sérgio Cabral anunciou com o devido alarde que a ocupação dos morros do centro carioca aconteceria dentro de no máximo três dias. Tempo suficiente para os traficantes e criminosos locais buscarem novo endereço. Sobre a fanfarrice do governador, o secretário Beltrame disse “prefiro que os traficantes saiam (das comunidades) a entrar à custa da vida de um inocente”.

Na entrevista coletiva que concedeu após a ocupação das favelas, José Mariano Beltrame, para quem a fuga antecipada dos traficantes não compromete o plano de pacificação do Rio de Janeiro, afirmou que “o objetivo é ocupar territórios sem aumentar as estatísticas de bala perdida, de auto de resistência, de homicídio e de ferimentos a qualquer civil”.

No embalo do aludido sucesso da operação, Beltrame sugeriu que o modelo de operação policial para a ocupação de território de traficantes pode ser “exportado” para outros estados brasileiros. “Daqui podemos levar essas ações para outros estados e, quem sabe, diminuir o índice de criminalidade, que não é só o carioca que quer, é todo o Brasil que quer”, disse o secretário.

O tráfico de drogas movimenta anualmente na região metropolitana do Rio nada menos que R$ 600 milhões, montante que permite aos narcotraficantes deixarem de operar alguns meses enquanto encontram novo local para retomar o milionário negócio. Nas favelas do Complexo do Alemão, onde a operação de retomada teve lances típicos de filmes de ação e ganhou as principais manchetes internacionais, os traficantes começam a retomar os seus antigos espaços, como já era esperado por muitos. Sem contar que muitos dos chefes do tráfico do Alemão fugiram com antecedência, amparados por policiais corruptos.

É preciso compreender que a expulsão dos traficantes de uma determinada comunidade carente não significa o fim imediato da atividade criminosa. O tráfico migra para outras cidades ou estados, mas as drogas, de uma forma ou de outra, chegarão ao destino desejado. Por outro lado, a instalação das chamadas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em favelas do Rio de Janeiro garante apenas o bom convívio dos moradores da comunidade, fazendo com que os criminosos locais passem a atuar em outras regiões da cidade, como já acontece.

Quando assumiu pela primeira vez o governo do Rio de Janeiro, o falastrão Sérgio Cabral Filho garantiu que naquele momento estava decretado o fim da criminalidade que transformou a capital fluminense em um faroeste a céu aberto. Em 2007, semanas antes da abertura dos Jogos Pan-Americanos do Rio, o então presidente Luiz Inácio da Silva garantiu que, encerrado o evento esportivo, a Cidade Maravilhosa e seu entorno teriam o melhor e mais eficiente sistema de segurança pública do País. E a prova aí está para quem quiser conferir.