Barril de pólvora – O impasse político que perdura no Egito e a teimosia do presidente Hosni Mubarak, que insiste em permanecer no poder, devem levar o país africano a um situação perigosa, confirmando o que antecipou de forma insistente o ucho.info nos últimos dias.
A decisão de Mubarak de não concorrer à reeleição, mas de deixar a presidência do Egito somente em setembro, abriu uma larga frente para que o viés religioso emoldurasse a rebelião popular que exige reformas políticas imediatas. A oposição egípcia, liderada pela Irmandade Muçulmana, que até recentemente operava na ilegalidade, foi o endosso que o aiatolá Ali Khamenei, autoridade máxima do Irã, precisava para declarar que a revolta popular egípcia é consequência da Revolução Islâmica, que em 1979 defenestrou do poder o xá Mohammad Reza Pahlavi e permitiu a volta de Ruhollah Mousavi, o ultra radical aiatolá Khomeini, ao país.
Como se tal declaração não fosse motivo suficiente para convencer os atuais ocupantes do poder egípcio de que a renúncia é o melhor caminho, um braço da organização terrorista Al Qaeda, que se esconde covardemente sob os ditames do Islã, convocou nesta quarta-feira (9) os revoltosos egípcios para uma guerra santa. O grupo quer transformar o Egito em um Estado baseado nas leis islâmicas. Fora isso, os terroristas da Al Qaeda se dispuseram a fornecer aos rebelados sete conselhos para forçar a renúncia do presidente Hosni Mubarak e impedir que pessoas próximas a ele continuem no poder.
Toda essa movimentação religiosa radical em torno do impasse que reina na terra dos faraós pode ser o pavio de uma situação perigosa e insustentável, que em questão de semanas pode tomar conta do Oriente Médio, não sem antes provocar uma sangrenta guerra na região.