Cortes nas emendas parlamentares seriam um risco calculado ou repetição de velhos hábitos?

(*) Genésio Araújo Júnior, da Agência Política Real –

O anúncio de que o Governo Federal vai fazer um corte/congelamento no orçamento da União, em especial, nas emendas parlamentares funcionou, inicialmente, como um verdadeiro estopim entre os parlamentares. Passado os primeiros momentos observa-se, especialmente entre os líderes – os profissionais do poder – uma cautela redobrada.

O sentimento entre os profissionais é de que o Palácio do Planalto, tal qual um velho cowboy de duelos do velho oeste americano que se preparava para novos embates, mas vivia de fama, prefere blefar para ver quem pisca primeiro.

Os bambambãs do PMDB, onde existem mais profissionais do poder, já viram que esta é a estratégia. “Estão testando o PMDB, mas não vamos cair nessa”, disse um importante senador nordestino do partido. Alguns dizem que o PT já trabalha com a possbilidade de ser um grande partido de centro e para isto tem que desalojar o PMDB do posto. O PMDB é forte, pois faz muitos prefeitos e deputados estaduais, que, via de regra, geram deputados federais, senadores e governadores. Se as emendas não saem o PMDB perde prefeitos.

Muita gente especulou o risco de anunciar tantos cortes orçamentários, que receberam elogios de vários líderes da base, pois demonstra responsabilidade fiscal e controle de gastos. Ora bolas, pura conversa para o mercado e os bem nascidos que não sabem da importância de orçamento realizado em regiões mais pobres do país, mas vêem, junto com isso, outra questão, tipo ovo-e-galinha: Dilma se elegeu porque Lula gastou demais ou foi Dilma a responsável que não quer gastar mais que seu criador perdulário? Justo no dia anterior a festa que o PT faz para seu Presidente de Honra parece uma desfeita que parte da mídia está adorando.

Muita gente vai publicar nos jornais amanhã como foi alvissareira a medida e como todos reagiram bem. Bufas e bulhufas para eles. É antigo, desde a época do Brasil das muitas crises econômicas e de super arrochos, via superávit fiscal, o tal do contingenciamento que hoje se chama corte ou congelamento. “Sempre foi assim, e depois eles relaxam e liberam as emendas. O governo fala de aumento do PIB e conseqüente avanço de arrecadação”, disse um líder nordestino da base que também fugiu da declaração aberta.

O jogo é “hard” e tudo pode ser o óbvio: um choque de gestão de uma presidenta administradora que pouco sabe lidar com os políticos.

Não resta dúvida que se deve ser responsável para se poder gastar. A dúvida é saber o tamanho desse torniquete.