Em festa paulistana, Marco Aurélio Mello rejeita convite para sentar-se ao lado de José Dirceu

Saia justa – Atuando nos bastidores da política verde-loura desde que teve o mandato de deputado federal cassado, com ênfase em lampejos lobistas, José Dirceu de Oliveira e Silva tem perdido rotineiramente espaço no governo da “companheira de armas” Dilma Rousseff, sua sucessora na Casa Civil. Enquanto esse jogo de cena serve para aliviar a pressão que paira sobre José Dirceu, o pretérito Pedro Caroço, que tenta de maneira sorrateira escapar da peçonha do processo que investiga o escândalo do mensalão do PT e tramita no Supremo Tribunal Federal, sob os olhos nada condescendentes do ministro Joaquim Barbosa.

Se por um lado em agosto próximo os envolvidos no maior escândalo de corrupção da história política do País podem escapar da acusação de formação de quadrilha – inicialmente eram 40 os acusados -, por outro a situação de José Dirceu não é tão confortável entre os decanos do Supremo Tribunal Federal. Na última semana, na maior e mais complexa cidade brasileira, São Paulo, Patrícia Maluf Alves da Silva subiu ao altar sob os olhares dos avôs Paulo Salim Maluf, que dispensa maiores apresentações, e Edivaldo Alves da Silva, dono do complexo educacional FMU.

Na elegante festa realizada em hotel da Zona Sul da capital paulista, os noivos reservaram espaço para autoridades, que no final das contas foi pouco ocupado. Convidado do empresário Edivaldo Alves da Silva, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, muito discretamente recusou o convite para sentar-se à mesa ao lado de José Dirceu. O que não significa que o ex-comissário palaciano está na alça de mira dos magistrados da Suprema Corte, mas também não garante qualquer possibilidade de absolvição.

José Dirceu nega a participação no criminoso esquema palaciano de cooptação de parlamentares através de pagamento de propinas mensais, sob a alegação de que não existem provas para incriminá-lo. Nos últimos tempos, rasgar o discurso do passado tornou-se uma especialidade de nove entre dez petistas. Por ocasião da CPI do Orçamento, escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Os Anões do Orçamento”, José Dirceu, então deputado federal, subiu à tribuna da Câmara para defender a cassação do mandato do pernambucano Ricardo Fiúza, que à época engrossava as fileiras do extinto PFL. Dirceu, em sua fala, argumentou que para a cassação de um mandato parlamentar não eram necessárias, provas, mas apenas evidências.

De tal modo, seguindo sua própria tese, José Dirceu não tem do que reclamar, pois no escândalo do mensalão do PT sobram não apenas evidências, mas provas aos bolhões.