Repasse bilionário ao BNDES anula ajuste fiscal anunciado pelo governo e reforça o faz de conta

Reação adversa – Na última segunda-feira (28), o noticiário brasileiro deu destaque ao detalhamento do corte no Orçamento da União, anunciado pelos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento), dupla que recentemente foi desautorizada pela presidente Dilma por ter defendido a tese, agora confirmada, que projetos sociais e obras públicas sofreriam redução de investimentos.

Para arremessar no lixo o anunciado esforço fiscal, que de acordo com a presidente Dilma Rousseff permitirá que o Brasil cresça com tranquilidade em 2011, o Palácio do Planalto acionou o rolo compressor e conseguiu aprovar no Senado Federal o Projeto de Lei de Conversão (PLC 3/2011) que constitui fonte de recursos adicional ao BNDES no valor de R$ 30 bilhões.

Quando o reajuste do salário mínimo entrou na pauta de discussões, a trupe palaciana alegou que a proposta de R$ 560 geraria um custo adicional de R$ 17 bilhões ao governo federal. Ora, se a ordem é economizar, não há razão de fazer um repasse bilionário ao BNDES, que concedendo empréstimos, a juros subsidiados, às empreiteiras responsáveis pela execução de obras públicas. E se alguma despesa deve ser feita por parte do governo, que seja para proporcionar um salário minimamente melhor para quase 50 milhões de trabalhadores e reduzir a indignidade enfrentada pelos aposentados.

Se por um lado a aprovação desse repasse de dinheiro ao BNDES neutraliza o anunciado ajuste fiscal do governo, por outro contemplará as empresas que despejaram verdadeiras fortunas na campanha da então candidata petista. E essa roda viva, imunda, diga-se de passagem, não deve indignar a opinião pública, pois é assim que funcionam as engrenagens da política nessa louca Terra de Macunaíma.