Conselho de Ética deverá julgar Jaqueline Roriz, mas integrantes respondem por crimes

Começo errado – Está previsto para esta terça-feira (15) a indicação do restante dos integrantes do Conselho de Ética e Decoro da Câmara dos Deputados. Na quarta-feira (16) deverá ser eleito o presidente e o vice-presidente e, dependendo do que acontecer, poderá ser escolhido também o relator da provável investigação contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF). Este poderá ser o primeiro caso a ser analisado pelo Conselho e que poderá terminar em cassação de mandato.

A bancada do Distrito Federal decidiu na segunda-feira (14) pedir, por unanimidade, a abertura de investigação sobre as denúncias contra a filha do ex-governador Joaquim Roriz (PMN). Ela foi flagrada em vídeo três ou quatro vezes recebendo dinheiro de Durval Barbosa, delator do “mensalão do DEM”. Na semana passada, o Ministério Público Federal pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de um inquérito para investigar as acusações. Ela também está sendo acusado por pagar aluguel do escritório do marido com verba de representação da Câmara dos Deputados.

“Vamos encaminhar um documento ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), afirmando que os fatos que envolvem a deputada Jaqueline Roriz são profundamente graves e merecem uma apuração rigorosa, independente da temporalidade. O que foi ilícito no passado não deixa de ser no presente”, afirmou após a reunião da bancada do Distrito Federal, a deputada Érika Kokai (PT-DF).

Os deputados do DF também pretendem se unir a Maia nas críticas ao regime de delação premiada que beneficia Durval. Na visão do grupo, o ex-secretário de Relações Institucionais do DF não pode divulgar vídeos incriminadores de acordo com sua conveniência. Maia disse na semana passada que essa prática se assemelha mais a uma chantagem.

A questão de Jaqueline Roriz promete ser polêmica no Conselho de Ética. Começa pelo próprio Conselho. Dos dez parlamentares até agora indicados, pelo menos dois tem problemas com a Justiça.

Abelardo Camarinha (PSB-SP) e Marcos Medrado (PDT-BA) são alvos de inquérito no Supremo Tribunal Federal por crime eleitoral, ambiental, contra a lei de licitação e até contra a honra. Na lista dos inquéritos estão também acusações por crimes contra a ordem tributária, finanças públicas, de responsabilidade e improbidade administrativa.

Faltam ainda ser indicados 20 membros entre titulares e suplentes. O PT não confirmou ontem os três nomes. No PMDB e no PSDB informou-se que os deputados serão indicados hoje. O Democratas justificou que não apresentou o nome por “falta de tempo” e o PTB está esperando só a decisão do líder para anunciar representante.

Já são conhecidos Vilson Luiz Covatti (PP-RS), Aguinaldo Velloso Borges Ribeiro (PP-PB), Lúcio Dutra Valle (PR-PA), Francisco Ariosto Holanda (PSB-CE), José Abelardo Guimarães Camarinha (PSB-SP), José Carlos Leão de Araújo (PDT-BA), Marcos Antonio Medrado (PDT-BA), Ricardo Izar Júnior (PV SP), Sérgio Luiz Lacerda Brito (PSC-BA) e Erivelton Lima Santana (PSC-BA). O atual presidente do Conselho, deputado José Carlos Araújo (PDT-BA), é candidato à reeleição.